Viola Colin nasceu na Parada de Florianópolis e agora desfila pelas ruas esbanjando autoconfiança

O burburinho da Parada LGBT de Florianópolis de 2018 unido à curiosidade humana, adicionada à admiração pelas drag queens, fez com que nascesse a glamourosa Viola Colin. A ariana de 26 anos moradora de São José, cidade vizinha à Ilha da Magia, se entregou ao brilho e à alegria quando outra drag convidava interessadas em fazer uma make bafo durante o evento.

Viola se permitiu, ouviu seu coração e abriu as portas para nascer uma drag queen empoderada, com olhar fixo, firme e forte capaz de espantar preconceituosos. Uma autoconfiança grande o bastante para ela, maravilhosamente montada, viver seu cotidiano sem amarras e medos – e ir, por exemplo, ao supermercado fazer compras e arrancar elogios por quem por ela passa.

Claro, na rua eu já ouvi comentários, mas isso nunca me afetou em nada

Na entrevista a seguir, ela reconhece que “sempre recebo elogios de make e look, mas claro, na rua eu já ouvi comentários, mas isso nunca me afetou em nada”. É a confiança trazida pela certeza de que se está trilhando o caminho da felicidade e de estar se tornando quem sempre existiu dentro de si. Confira:

Existe muita intolerância contra os LGBT na sua cidade?

A questão da intolerância é muito relativa, com certeza existe preconceito em todos os lugares, inclusive aqui, porém eu me sinto muito à vontade em estar montada na cidade onde eu moro, às vezes me monto com bastante antecedência aos eventos e acabo indo ao supermercado, por exemplo, montada e tudo bem. Nunca sofri nenhum tipo de preconceito, muito pelo contrário, sempre recebo elogios de make e look. Mas claro, na rua eu já ouvi comentários, mas isso nunca me afetou em nada. Acredito que a intolerância pode diminuir com o respeito e a educação das pessoas. Entender que uma drag queen é uma pessoa representando uma arte, assim como toda a classe LGBTQ tem o direito de ser quem é, saber respeitar o ser humano.

Há quanto tempo você começou a perceber que gostava de make e de usá-la para se transformar?

Eu sempre gostei muito de make, até que um dia conheci uma drag queen em uma festa que eu fui e ela foi super querida comigo, me fez entender mais desse mundo. Então passei a admirar várias drags e no dia da parada LGBTQIA + de Florianópolis de 2018 essa drag fez um stories dizendo que estava disponível para maquiar quem quisesse se montar para esse evento e eu resolvi me montar pela primeira vez. E foi incrível, o respaldo das pessoas, ah, foi mágico.

Acredito que a intolerância pode diminuir com o respeito e a educação das pessoas

Como foi esse processo? Quais os maiores desafios que você enfrentou?

O processo foi tranquilo, mas tive alguns desafios. Primeiro, tudo custa muito caro, uma make drag utiliza muitos produtos e tudo é realmente caríssimo, além de uma boa lace, lente de contato, salto alto, look. Segundo, foi aprender a fazer maquiagem, esconder sobrancelha, aprender a fazer todos os contornos e os segredos de uma make drag.

Como superar os obstáculos que podem surgir nessa busca?

Para superar os obstáculos é só fazer tudo com amor, e acreditar no próprio potencial. Aceitar as críticas construtivas e ignorar o que te faz mal. Quando se faz algo com amor, o resultado é sempre positivo e isso nos motiva a continuar nosso caminho com nossa arte.

Para superar os obstáculos é só fazer tudo com amor, e acreditar no próprio potencial. Aceitar as críticas construtivas e ignorar o que te faz mal.

Como tem sido a agenda de apresentações?

Graças a Deus eu sempre tive trabalhos nas festas. Meu último job foi no Carnaval, onde sou princesa da Corte de Carnaval, isso foi algo muito gratificante para mim. Me chamaram para ser parte da corte de um bloco de Carnaval. Porém, eu quero deixar algo claro aqui. As festas em geral na minha cidade não costumam pagar um cachê muito alto para as drags performarem ou serem DJs e hostess. Eu particularmente não vivo financeiramente da minha drag, e comecei a perceber que várias drags vivem dessa arte e não eram chamadas para trabalhar nas festas. Então eu nos últimos meses abri mão da minha agenda para dar mais visibilidade e espaço para as manas também e não me arrependo disso.

As festas em geral na minha cidade não costumam pagar um cachê muito alto para as drags performarem ou serem DJs e hostess

Qual seu sonho?

O meu sonho é uma sociedade mais igualitária, onde as empresas possam contratar trans, gays afeminadas sem nenhum tipo de preconceito. Um mundo onde haja respeito e onde as drags tenham mais espaço e sejam mais reconhecidas e valorizadas financeiramente. Um mundo de mais amor.

Instagram @violacolin