Novo “Entrevista com o Vampiro” traz reconhecimento mais contemporâneo de raça e sexualidade
Por Eduardo de Assumpção*
“Anne Rice’s Interview with the Vampire” (EUA, 2022) Adaptada por Neil Jordan há quase 30 anos, ‘Entrevista com o Vampiro(1994)’, de Anne Rice, omitiu e neutralizou fatos. Agora o romance recebe um tratamento episódico da AMC, moldado por Rolin Jones, e com visual expansivo fazendo com que se aprecie o quão abrangente pode ser essa visão geral da vida de um vampiro: sobre moralidade , legado e até mesmo o medo da morte que pode inibir o prazer do presente.
Leia também:
Esta ‘Entrevista com o Vampiro’ leva os espectadores de volta ao bairro de Storyville, em Nova Orleans, nos anos 1900, também conhecido como distrito da Luz Vermelha, que é tratado com design de produção ornamentado e grandes cenários que preenchem a tela e nos sugam. Louis de Pointe du Lac (Jacob Anderson) é um empresário negro que administra negócios clandestinos enquanto também ganha alguma mobilidade ascendente.
Louis tem orgulho em sua comunidade e uma proximidade com sua família, particularmente a de seu poderoso irmão religioso Paul (Steven G. Norfleet), que prega à mesa do jantar. Em uma saga que é sobre laços improváveis, Louis e seu irmão têm um relacionamento tocante.’Entrevista com o Vampiro’ torna-se uma história de amor quando Lestat de Lioncourt (Sam Reid) entra em cena.
Lestat vê Louis pela paixão que ele tem dentro dele, e não apenas porque Lestat é um vampiro faminto que pode ler e controlar mentes. Quando a mordida que muda a vida finalmente acontece, é um momento marcante – em parte por sua sexualidade aberta e feliz, levando a um relacionamento quente e pesado entre eles que torna mais transparente o que o filme de Jordan encobriu.
O tempo todo, Lestat ajuda a encorajá-lo como pessoa, como empresário em busca de mais poder, um homem negro em busca de mais visibilidade em uma sociedade abertamente racista. Como uma gota de sangue da mordida de um vampiro, esta adaptação, com sete episódios para a primeira temporada, oferece uma escolha distinta.
Os espectadores podem obter uma apresentação muito mais alongada das ideias do romance em uma narrativa mais prolongada, com um reconhecimento mais contemporâneo de raça e sexualidade.
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib