‘De noche, los gatos son pardos’ assume uma forma surpreendente, psicodélica e hipnotizante
Por Eduardo de Assumpção*
“De Noche los Gatos son Pardos” (Suíça, 2022) Inspirado nos preceitos do psicanalista francês Félix Guattari (1930-1992), Valentin Merz inverte os papéis, e por sua vez a equipe técnica torna-se artista, os artistas tornam-se técnicos. E ‘De noche, los gatos son pardos’ assume uma forma surpreendente, psicodélica e hipnotizante.
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Uma espécie de filme dentro do filme, que poderia ter se perdido em seu estilo excessivamente experimental; o longa é no entanto, uma experiência perfeitamente divertida e libertadora. Um produto pop com uma luz deliciosa, uma trilha sonora kitsch retrô, e liberto dos códigos da narrativa convencional. Numa discreta homenagem ao cinema erótico dos anos 70 e 80, logo uma história de amor se mistura a uma investigação policial.
A realidade se mistura com a ficção, e estabelece uma distância elegante para filosofar sobre a sexualidade, a vida e a morte. Nada mais tem sentido ou direção, exceto a própria experiência do filme. Uma diversa equipe em ‘De noche todos los gatos son pardos’ se reuniu para fazer um filme erótico de época.
Os atores mudam fluentemente de idiomas e parceiros de filmagem, vestem papéis e roupas distintas e também se revezam na direção de seu filme.
Eles estão rodando um filme histórico não especificado, dominado por cenas de intimidade mergulhadas em uma forte dose de erotismo. A majestosa e misteriosa floresta envolve-os, acolhe-os e acaricia-os como se fossem criaturas frágeis e ambíguas que requerem proteção. Apesar deste abraço reconfortante, sente-se um perigo iminente, algo ou alguém escondido nas sombras, pronto para lançar um ataque.
O diretor do filme, Valentin (interpretado pelo próprio Merz), desaparece repentinamente sem deixar vestígios. Enquanto a polícia investiga seu desaparecimento, a filmagem continua, mas dá uma guinada ambígua. Robin, cinegrafista e amante do diretor, decide cumprir a promessa que fez ao homem de sua vida e viaja para Istmo de Tehuantepec, no México.
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib