Hospital de Clínicas em Campinas passa a atender especificamente pessoas LGBT+
O ambulatório de Geriatria do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, em Campinas (SP), passa a atender especificamente pessoas LGBT+ com mais de 60 anos de idade. A ação tem apoio da Superintendência do HC da Unicamp. Durante a consulta, os pacientes passarão por exames de rotina, como avaliação de perda de memória, exames de próstata, glicemia, pressão arterial, instabilidade postural, quedas e avaliação psicológica. O atendimento é às sextas-feiras pela manhã e deve ser agendado pelo telefone (19) 3521-7878 ou pelo Whatsapp (19) 9999-68678.
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De acordo com o professor da área de Geriatria André Fattori, serão recebidas quaisquer pessoas que tenham mais de 60 anos e se identifiquem no grupo LGBT+. O principal objetivo do ambulatório é ser inclusivo e equânime, seguindo as premissas do Sistema Único de Saúde (SUS). O diferencial, ressalta o geriatra, será o acolhimento desses pacientes.
“As pessoas LGBT mais velhas não se sentem à vontade para falar de seus problemas de saúde porque esbarram na questão da sexualidade. Nem todo médico que atende nas Unidades Básicas de Saúde tem uma abertura para explorar questões difíceis, como as afetivas e as sexuais, de uma pessoa LGBT”, diz Fattori.
O serviço contará com o apoio de especialistas do Hospital de Mulher (Caism) para o acolhimento e atendimento de lésbicas e homens trans, sem perder o vínculo com o ambulatório de geriatria. O ambulatório de Psiquiatria também auxiliará a equipe de geriatria no acolhimento e atendimento de pacientes que necessitem da intervenção de especialistas da área de psicologia clínica e psiquiatria.
“As antigas gerações LGBT não têm o conforto psicológico da aceitação sexual e social que as novas gerações desfrutam. Eles ainda carregam traumas, dificuldade de exposição da sexualidade, principalmente durante a pandemia de HIV. Muitas mortes foram vividas e isso deixou marcas nessa geração, que hoje, são idosos”, comenta Fattori.
Segundo o geriatra do HC da Unicamp, o ideal é que daqui há alguns anos essas pessoas possam ser atendidas em qualquer lugar, sem medo de expor seus problemas pessoais e de saúde. Mas, reflete Fattori, enquanto existir pessoas LGBT idosas excluídas e que não se sentem psicologicamente à vontade de participar plenamente de um tratamento de saúde, o ambulatório irá cumprir seu papel assistencial.
“Todas as pessoas têm direito a um tratamento médico afetivo e pleno pelo SUS. No momento em que esse ambulatório não for mais necessário, é porque essas pessoas estão se sentindo incluídas em outros espaços e nos tornamos socialmente melhor”, confidencia Fattori.