Longa alemão “Bones and Names” é bonito, autêntico e com ideias originais
Por Eduardo de Assumpção*
“Bones and Names” (Knochen und Namen, Alemanha, 2023) Boris (Fabian Stumm) e Jonathan (Knut Berger), são um casal há oito anos. Há muito que eles valorizam um no outro, mas a relação deles também está começando a mostrar rachaduras. As dúvidas interpõem a naturalidade imediata de estar junto. Eles são reforçados pelas profissões criativas dos dois.
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Boris é ator e assume um papel no filme da diretora de cinema Jeanne (Marie-Lou Sellem), como um homem que vive com a personagem Carla (Susie Meyer), mas a trai com um cara mais jovem, interpretado por Tim (Magnús Mariuson). E o escritor Joni está escrevendo um romance sobre morte, perda e desprendimento, temas bastante atípicos para seus trabalhos anteriores.
Os desequilíbrios também estão aumentando no ambiente familiar dos dois. A crise de relacionamento continua fervendo. Depois de uma visita ao cinema, os dois discutem sobre a atuação de Maria Schell numa cena de “A Última Ponte(1954)”: sentimental ou tocante? E quando Jonathan orgulhosamente parte para uma entrevista de rádio sobre seu novo livro, Boris se recusa a acompanhá-lo.
Pelo meio, acompanhamos as brincadeiras da sobrinha de Boris, Josie, em episódios intercalados. A menina, que tem cerca de 10 anos, chama estranhos completos com nomes estranhos, rouba um xampu de uma farmácia ou finge ser adulta em um aplicativo de namoro. O esboço de dois criativos é tão bem-sucedido, que às vezes a arte se confunde com a vida e vice-versa.
Também convincente é o retrato de uma relação de longo prazo entre amor, sensibilidades, hábito e desejo nem sempre admitido por coisas novas entre dois parceiros, que Fabian Stumm e Knut Berger interpretam de forma muito envolvente. Fabian Stumm, que escreveu o roteiro, desempenhou um papel principal e dirigiu, também foi o produtor, juntamente com Nicola Heim.
Os atores e a equipe trabalharam quase de graça, porque o diretor tinha pressa de fazer o filme acontecer. Bonito, autêntico e com ideias originais, a renúncia a qualquer financiamento garante visivelmente a liberdade criativa!
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib