Alleria movimenta a cena drag longe dos grandes centros com música e montação contra os preconceituosos

É longe dos grandes centros urbanos onde a arte drag se tornou mainstream nos últimos anos que Alleria leva sua montação para as festas. Múltipla, diversa, DJ, hostess e, claro, drag queen em São Carlos, interior do Estado de São Paulo. Aos 20 anos e cheia de energia, não vê a hora da quarentena acabar para poder usar e abusar da make e da montação para fazer o que mais gosta.

Alleria faz parte de uma segunda parte da onde drag provocada por RuPaul’s Drag Race que tem alcançado todos os tamanhos de cidades e enriquecido a cena LGBT por onde passa. Felizmente para a comunidade LGBT, o espaço antes dedicado apenas à diversão, à drag teatral, ganhou amplitude e abriga mesmo fora do eixo Rio-São Paulo artistas talentosas e cheias de vontade de vencer.

Em casa, respeitando o distanciamento social e o momento delicado de pandemia, ela conversou com a Ezatamag sobre preconceito, sonhos, arte e como podemos fazer um mundo melhor para todes! Com a palavra, Alleria:

“Em São Carlos a cena drag tem crescido no último ano, com drags incríveis como a Vênus e a Charlenny. As festas da IeS (curso de imagem e som da UFSCar) sempre possuem atrações voltadas para o público lgbtq+ e são sempre um ótimo espaço para você se divertir quando está montada.

Pouco importa se algumas pessoas não vão gostar, o que importa é que eu estou feliz onde estou hoje, e nada pode me parar!

Se existe um lugar perfeito para você se montar pela primeira vez, esse lugar são as festas da IeS. Infelizmente, nem todas as festas de São Carlos são voltadas para o público lgbtq+, e ainda existem algumas que nunca nem pensaram em chamar uma drag queen como atração, mas acredito que vamos conseguir mudar isso com o tempo.

A Alleria é algo que surgiu em mim há pouco tempo, mas eu sinto que ela sempre quis existir. Ela não é uma personagem nem possui outra personalidade, ela é simplesmente eu na minha melhor forma. Ela começou a aparecer quando eu comecei a me interessar por maquiagem e todo esse mundo artístico e performático. E ela veio para ficar.

A intolerância está, infelizmente, presente na vida de todos nós, principalmente em quem dá a cara na frente de toda essa sociedade opressora. É importante sempre agir consciente de seus atos e de sua luta diária para acabar com a intolerância.

“A Alleria é algo que surgiu em mim há pouco tempo, mas eu sinto que ela sempre quis existir”

Cada um tem seu jeito de lidar com isso, mas eu acredito que o sentimento que deve unir todos nós é o de que nós não nascemos para ficar escondidos e nem com medo de ser quem a gente é. Não devemos nunca abaixar nossa cabeça.

O meu maior sonho como artista é poder expressar minha arte de todas as maneiras que eu sentir vontade, e pouco importa se algumas pessoas não vão gostar, o que importa é que eu estou feliz onde estou hoje, e nada pode me parar!

 

Nós não nascemos para ficar escondidos e nem com medo de ser quem a gente é. Não devemos nunca abaixar nossa cabeça.

A música sempre esteve presente na minha vida, mas foi só depois que a Alleria surgiu que seu espaço aumentou. Como eu toco em festas, eu sempre tento levar músicas que contemplem o público lgbtq+, músicas icônicas das nossas divas mais famosas.

A minha quarentena está sendo ótima até então. Como todo mundo, eu também sinto falta dos meus amigos e pessoas mais próximas, mas é indispensável que fiquemos em casa nesse momento tão delicado. O que mais me faz falta são as festas e as oportunidades de sair de casa montada. Não vejo a hora de tudo isso passar e nós podermos dar close de novo!”

Instagram @alleriadrag