Juão Nyn resgata em livro a importante história de Tybyra, a primeira vítima de homofobia do Brasil
O multiartista potiguar Juão Nyn sabe da importância de contar a História de seu povo e vai além em seu novo livro. “Tybyra: Uma Tragédia Indígena Brasileira” (Editora Selo do Burro, R$ 30) resgata o primeiro caso de homofobia registrado nas terras saqueadas pelos portugueses, também conhecidas como Brasil.
Leia também:
Coletivo Calcâneos estreia espetáculo em SP discutindo os corpos periféricos e o que os atravessa
Âncora do Marujo é um símbolo de resistência e aceitação LGBT em Salvador
Coletivo pernambucano antecipa programação online de festival que discute a censura e a opressão
O ano é 1614, São Luís do Maranhão é o local. Preso à boca de um Canhão, prestes a ser executado por sodomia por soldados franceses, Tybyra, indígena tupinambá, relembra a própria vida e propaga suas últimas palavras como se, depois de relâmpagos, o som dos trovões saísse de sua boca.
É a dramaturgia de estreia de Juão Nyn, uma ficção baseada no simbólico caso que mostra como a colonização europeia apagou tolerâncias, enterrou convivências e escondeu modos de vida dos verdadeiros donos do Brasil. Tybyra não tinha noção que havia algo “de errado” para ser executado.
Isso porque a homofobia chega nas caravelas portuguesas, guiadas não apenas por navegadores, mas também pela cruz católica. Em uma época onde só um Deus era a lei, Tybyra cometeu o erro inocente de ser quem era.
A obra de 100 páginas tem tradução do Tupy Guarany Moderno feita por Luã Apyka, com revisão de Eliza Para Martins, Cleiray Wera Fernando e Lucas Mirindju. A ilustração é de Denilson Baniwa e a identidade Visual de Daniel Minchome.
Juão Nyn é multiartista, atua na performance, no teatro, no cinema e na música. Potyguar(a), 31 anos, militante do movimento Indígena do RN pela APIRN, integrante do Coletivo Estopô Balaio de Criação, Memória e Narrativa, da Cia. de Arte Teatro Interrompido e vocalista/compositor da banda Androide Sem Par. É formado em Licenciatura em Teatro pela UFRN, está há alguns anos em trânsito entre Natal e São Paulo.