Gabinete de transição presidencial pisa na bola em relatório e mostra que LGBT+ podem mais uma ver ter sido apenas puxa-voto
O relatório final do gabinete de transição do presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva (PT) não agradou o movimento LGBT+. Isso porque, em mais de 200 páginas, a presença da pauta da diversidade sexual – e todos os seus recortes – é quase inexistente, uma medida muito diferente de todo o uso da nossa pauta feito durante a campanha.
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O documento desconsidera, por exemplo, a violência cometida contra pessoas trans nos últimos quatro anos de (des)governo. A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) veio a público marcar posição de crítica, com diálogo, para que não aconteça de, mais uma vez, o movimento LGBT+ ser usado quando convém, só para o que interessa, só para quem interessa.
Segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin, os trabalhos foram realizados por 32 grupos com participação de mais de 5 mil técnicos, oriundos do setor público, dos parlamentos, da academia e da sociedade civil. Na apresentação, Alckmin afirmou que as informações consolidadas pelo GT mostram que “o governo andou para trás”, nos últimos quatro anos.
“Vamos entregar esse relatório para cada deputado e senador, os que vão sair e os que vão entrar. É importante que eles comecem a trabalhar sabendo o Brasil que nos foi entregue. Porque, quando chegar em 2026, em dezembro, nós vamos entregar para eles o Brasil que nós deixamos”, afirmou Lula durante o evento de divulgação do relatório.
Veja o posicionamento da Antra:
INVISIBILIZADAS!
É assim que nos sentimos ao ler o relatório da transição que omite qualquer menção sobre os ataques e violências que a população trans tem sido submetida por parte do governo Bolsonaro. E a comunidade LGBTQIA foi mencionada uma única vez em mais de 200 páginas.
Não daremos carta branca a nenhum governo para atuar sem nossa efetiva participação.
Temos que ter posição.
Não daremos carta branca a nenhum governo para atuar sem nossa efetiva participação. Nosso papel de movimento social é esse, estar sempre alertas e com possibilidades de externar nosso posicionamento e cobrar reparação.
Não podemos mais esperar! Nosso apoio segue público, mas seguiremos com uma postura crítica sempre que necessário. Importante frisar não somos oposição e que nossas críticas tem a real intenção de tornar o governo (e o próprio presidente) Lula maior e melhor do que aquilo que está sendo apresentado.