Um quadro poderoso com cerca de 3 milhões de pessoas onde, em cada canto do Brasil, alguém pode se ver retratado (Foto: Agência EBC)
Parada de São Paulo faz edição presencial após dois anos de pandemia e trevas
A Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo realizou sua 26ª edição no domingo, 19 de junho, reafirmando sua relevância em meio a tantas incertezas. Relevante como evento turístico para a capital paulista, como pauta positiva na mídia capaz de transformar pensamentos e, o mais importante, como uma voz que ecoa para todo o Brasil.
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É reconfortante que exista no Brasil 2022 pré-eleição com sombra de golpe um momento de liberdade, de expressão, de vazão para mentes atormentadas por dois anos de pandemia. O país que assistiu à catástrofe guiada pelo desgoverno federal negacionista respira, vai às ruas – agora pode (vacine-se) – celebra a vida acima de tudo.
Sempre se falava em outras edições sobre celebrar a vida, mas nesta, além de assassinatos que nos colocam no topo do ranking mundial, também fomos abatidos, e muito, pela Covid. Quantos de nós não estavam lá ontem? Quantos de nós ficaram pelo caminho e tiveram, em 2019, sua última Parada presencial?
Ir à Parada neste ano foi um ato político, foi uma homenagem, foi uma necessidade – e também um privilégio. Fomos por quem morreu de Covid, fomos por quem quer, mas por tantos motivos não consegue ir. Porque nós que podemos ir, nós devemos ir – por pessoas que precisam do movimento LGBT+ em seu objetivo principal: defender a nossa comunidade, garantir direitos.
Quantos de nós não estavam lá ontem? Quantos de nós ficaram pelo caminho e tiveram, em 2019, sua última Parada presencial?
Quem pode ir à Paulista na Parada deve ir todos os anos, mesmo que tenha críticas relativas à organização, mesmo que não concorde com tudo. É incentivar uma narrativa de tolerância que não se restringe apenas a São Paulo – é nacional. É extremamente importante que uma pessoa LGBT+ que não esteve no evento ligue a televisão e saiba que ele existe.
É transformador o poder que esta informação pode causar na vida de uma pessoa que está longe da tão famosa avenida. É papel de quem pode estar lá ocupar a rua, integrar a multidão que chama atenção desta mídia capaz de propagar boas mensagens. Que enche os olhos de empresas sedentas por investimentos (hoje em dia exigidos) em diversidade.
É compor um quadro poderoso com cerca de 3 milhões de pessoas onde, em cada canto do Brasil, alguém pode se ver retratado. A Parada de São Paulo é um evento lindo e colorido na Paulista que joga luz para além dela mesma ao provocar discussões após a exibição de reportagens, fotos, anúncios.
É para aquela pessoa LGBT+ de uma cidade muito pequena que, hoje de manhã, ao ver o noticiário, se deparou com estas milhões de possibilidade de se ser que a Parada desfila. É ajudar a enviar uma mensagem de que é possível, de que existe aqui um dia em que milhões de pessoas são felizes sendo elas mesmas.
É abrir perspectivas que podem salvar vidas. É despertar debates que podem unir famílias. É mostrar que estamos em marcha.