Eleições chegando, candidaturas sendo definidas e o desafio de sempre: consciência política
Hoje é o último dia para os partidos políticos do Brasil todo definirem seus nomes para as eleições de 15 de novembro. Calma, não escrevi errado, neste ano, devido à pandemia, o Congresso votou a mudança e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) seguiu o caminho – para proteger todes. Então já fica a primeira dica: não se esqueça da data (e se na sua cidade houver segundo turno, será no dia 29 de novembro).
Ah, lá vem mais papo de política, mais um texto sobre políticos, alguém pode dizer. A mesma pessoa que diz que eles são todos iguais, todo político é bandido, todos roubam e nenhum liga para o povo. Olha, alguns, sim (com certeza), mas não dá para jogar todo mundo no mesmo limbo.
Eu já escrevi aqui sobre como você pode acompanhar a atuação de quem você elegeu (leia aqui), então se depois de analisar todos os políticos você achar que são todos iguais, hum, sei lá, acho que você precisa ler com mais atenção. A gente não pode perder a esperança no sistema democrático, a gente não pode jogar na lama gente que está tentando de verdade porque outras gentes não estão nem aí.
Então agora que você sabe a nova data da eleição deste ano e sabe como descobrir se político é tudo ladrão, basta começar a escolher em quem vai votar. Porque sim, amore, você precisa votar. Não apenas por causa da chatice que é depois tentar justificar, pagar uma multinha de três reais, esperar para dar baixa e depois disso conseguir emitir o documento que você precisa.
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A gente não pode perder a esperança no sistema democrático, a gente não pode jogar na lama gente que está tentando de verdade porque outras gentes não estão nem aí.
Não. Você precisa ir votar para depois não ficar por aí vomitando conceitos prontos, rasos e improdutivos sobre as pessoas que estão te governando. Obviamente que como jornalista não posso guiar o seu voto para este, esta, aquele ou aquela, mas eu posso te lembrar de dar uma olhadinha no cenário político atual para ver quem está contra nós LGBT. Aqui tem uma lista de candidaturas LGBT feita pela Aliança Nacional LGBTI para você consultar.
Tem a figura inominável do presidente e todo seu grupo (não vou usar gangue, sou fino) que a gente sabe muito bem que odeiam viado, mulheres, negros, indígenas, o meio ambiente, a ciência e o conhecimento – e tudo mais que sair da bolha de ódio que os envolve. Então pesquise antes de votar, não aperte dois números que mancharão suas mãos de sangue.
Mas em quem votar? Oh, meu bem, opções temos aos montes, basta dar uma pesquisada em cada pré-candidatura que está se apresentando. Precisa ser LGBT? Na minha humilde opinião, não. Mas precisa ser comprometide com nossa causa – temos no Congresso Nacional e nos municípios aliades valioses que são heterossexuais.
Porque não adianta nada para o nosso movimento, sejamos sinceros, eleger um gay homofóbico que é também um negro racista. Não vou citar o nome dele, é aquele com sobrenome de música da Madonna.
Então em quem votar? Em quem você quiser e bem entender, mas é vital que você preste atenção em suas escolhas porque serão quatro anos de mandato com essas pessoas mandando em boa parte da sua vida. Neste ano, com a pandemia e o distanciamento, as redes sociais viraram o palanque de antes (nunca me esqueço da campanha do meu pai a prefeito com show da Gretchen) – então ficou fácil consultar as ideias, os projetos e principalmente as opiniões destas pessoas.
Porque é muito feio esse show de falta de consciência política que a gente assiste em episódios como a votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Os comentários jocosos, as piadas e os memes feitos com deputadas, deputados, senadoras e senadores mostram muito bem que o Brasil ainda não entendeu nada sobre representação, ou não quer entender. O Brasil não se enxerga em seu próprio espelho e faz piada. Triste.
Um deputado federal vaqueiro, outro pastor, outro delegado, tem até deputado príncipe (que mix de sistemas políticos, não?)… e as piadas se espalham em um espaço que deveria ser usado para analisar não o visual, não o nome/apelido/alcunha, não o jeito de falar, mas sim os projetos. É temerário votar a cada quatro anos para o mesmo cargo sem saber quem está sendo eleito com o seu voto.
Porque não adianta nada para o nosso movimento, sejamos sinceros, eleger um gay homofóbico que é também um negro racista. Não vou citar o nome dele, é aquele com sobrenome de música da Madonna.
E aí a gente entra em outro ponto muuuito importante: a legenda. Quando há uma candidate super famosa que arrasa na votação, ela leva consigo, na rabeira, outras candidates de seu partido. Então se você votar naquele fenômeno humorístico da internet (da televisão também, a gente sabe) que é chamado de puxa-voto, o seu voto pode ajudar a eleger uma pessoa que não tem absolutamente nada a ver com o que você acredita – pode inclusive ser totalmente contra o que você precisa enquanto cidadã.
Complicado? Não. É só lembrar daquele ditado da vovó: diga-me com quem andas e te direi quem és. Diga-me em quem votará e te direi quem serás tu, se morrerás tu ou se alegrarás tu a tua escolha. Não é só apertar o botão da urna, pode ser apertar o gatilho. Vote, participe, faça campanha para quem você acha que pode fazer diferença.
Só não se exima da responsabilidade. Não pisoteie tantas pessoas que durante muitos anos no Brasil lutaram para que nós pudéssemos exercer esse direito tão nobre. Não vote por preguiça, não vote por revolta, não vote por raiva, por beleza e tome cuidado com radicalismos – quem está na ponta é sempre o primeiro a cair.
Denuncie irregularidades como doações de cestas-básicas aos eleitores, óculos, dentaduras. Cuide para que tenhamos um processo justo de uma vez por todas. A política não é apenas o que acontece no Executivo e no Legislativo, é o que acontece a cada minuto da sua vida.
Não vote por preguiça, não vote por revolta, não vote por raiva, por beleza e tome cuidado com radicalismos – quem está na ponta é sempre o primeiro a cair.
Quem você quer que te represente? Para quem você dará a procuração que é o voto para atuar em seu favor e da coletividade?
Vote, amore. Mete o dedo lá. Mude a sua realidade. Vista a máscara, dispa preconceitos medíocres sobre o cenário político e se encha de vontade de mudar a sua vida e a de todes.
Vote, porque não adianta nada reclamar depois que tudo estiver pronto, todes eleites.