“Lost Country” deve sua riqueza ao olhar documental sobre um momento da história a partir de seu personagem
Por Eduardo de Assumpção*
“Lost Country” (Sérvia/França/Luxemburgo/Croácia/Catar, 2023) A história do filme se passa durante os protestos que levaram centenas de milhares de pessoas às ruas de Belgrado, na Sérvia, em 1996, após a fraude eleitoral que manteve o presidente Slobodan Milošević no poder, e que foram constantes até 1997. O diretor Vladimir Perišić viveu sua juventude nesses anos, mas com a tensão causada pelo fato de sua mãe ser membro do partido de Milošević.
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O protagonista é Stefan (Jovan Ganić), um adolescente cuja mãe Marklena (Jasna Đuričić, de Quo Vadis Aida(2020)) quase não tem tempo para ele porque trabalha como porta-voz de comunicação de Slobodan Milošević, e é responsável por organizar o processo de obstrução contra os resultados eleitorais. ‘Lost Country ‘é um retrato comovente de uma nação maltratada, através do fim da infância e das ilusões de um adolescente.
Em termos mais simples é a história de um garoto sociável e sensível, um estudante do ensino médio mais jovem que, em meio aos protestos, torna-se mais consciente do papel de sua mãe na sobrevivência das autoridades contra as quais, ao que parece, quase todos os outros de seu ambiente se rebelaram.
As aparições da mãe tornam a jornada de Stefan por sua escola mais dolorosa, onde seus colegas de classe começam a intimidá-lo. Há uma apatia no rosto do jovem ator Jovan Ganić que, no entanto, reflete adequadamente a incerteza da adolescência, mas também propõe um ponto de partida inteligente para o processo de raiva que o protagonista acaba vivenciando.
Longe de ser apenas uma reconstituição histórica, e um coming-of-age, ‘Lost Country’ deve sua riqueza ao olhar documental sobre um momento da história, a partir da jornada de seu personagem. Isso o torna atual e atemporal.
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib