“Mário e Leon – No Amor e no Jogo” aborda como assumir-se no futebol profissional ainda é um tabu

Por Eduardo de Assumpção*

“Mário e Leon – No Amor e no Jogo” (Mario, Suíça, 2018) é dolorosamente realista e totalmente cativante. Esta versão agridoce de sair, ou talvez não, do armário, no belo jogo do roteirista Thomas Hess e do co-roteirista e diretor Marcel Gisler diz como é a realidade homofóbica no mundo do futebol que muitos na profissão que ousaram dizer preferiam não ter dito.

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O longa conta a história do talentoso jogador de futebol Mario Lüthi, um jovem que está quase destinado a ser aclamado pela primeira liga no final da temporada atual. O problema é que há um novo jogador na cidade vindo da Alemanha, um cara bonito chamado Leon Saldo, que os caçadores de talentos também estão de olho.

Inicialmente invejoso de seu rival esportivo, os dois logo desenvolvem uma amizade próxima, que se tornará ainda mais quando eles se encontrarem compartilhando um apartamento e um beijo carinhoso de Leon, que deve desencadear a homossexualidade há muito reprimida de Mario.

Tornar-se um casal aparentemente não é hora, tudo está bem em seu mundo de portas fechadas, até que os rumores começam a se espalhar de que os dois são mais do que apenas amigos, resultando em conversas de crise entre a administração dos clubes para discutir a política do jogo, junto com os dois jovens ‘sendo solicitados’ a serem vistos publicamente na companhia de uma mulher, com a melhor amiga de Mario, Jenny ,como sua namorada.

Pois essa é a mensagem central que o filme traz, as consequências em sua saúde mental e felicidade de relacionamento em aparentemente viver uma mentira para sempre. O que o filme entrega é uma montanha-russa de emoções, a de uma mistura narrativa de chantagem, homofobia escancarada no vestiário e sair do armário, ou seja, um cenário de partir o coração e que claramente tem algo a dizer.

Como na vida, tudo tem um custo e aqui não há como negar que Gisler é um diretor com um ponto que se faz muito relevante, de como assumir-se no futebol profissional ainda é um tabu estrito, o de um jogo de culpa que impede os jogadores gays de atingir todo o seu potencial, sempre ansiosos para que um ato descuidado possa revelar seu verdadeiro eu.

Disponível na @globoplay

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com

Instagram:@cinematografiaqueer

Twitter: @eduardoirib