Maria Lucas assina idealização e dramaturgia do clássico de Tchekhov “A Gaivota” no Rio de Janeiro

Maria Lucas não quer apenas arrasar na Literatura e se expande cada dia mais para o Teatro, onde no dia 3 de novembro, no Rio de Janeiro, apresenta sua idealização e dramaturgia para “Ato 1: Ensaiando Nina”, do Pandêmica Coletivo Temporário de Criação. Com direção é de Juracy de Oliveira, a encenação é uma abertura de processo cênico inspirada na obra “A Gaivota”, do dramaturgo russo Anton Tchekhov, e começa às 20h. Ingressos clicando aqui.

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O texto original, que teve sua primeira montagem em 1896, traz os conflitos de um grupo numa propriedade rural da Rússia no fim do século XIX, e entre as personagens, destacam-se Nina e Konstantin, uma jovem atriz e um jovem escritor, que serão interpretados por Maria Lucas e Ralph Ducinni, respectivamente.

“Ato 1: Ensaiando Nina” é o primeiro projeto de dramaturgia para o teatro da idealizadora Maria Lucas, única pessoa trans a vencer o concurso de textos ensaísticos do Instituto Moreira Salles, com “Próteses de Proteção”, publicado na Revista Serrote em 2020. Sob a orientação do roteirista e dramaturgo paulista Daniel Veiga, Maria optou por contextualizar o texto no presente e formar uma equipe de pessoas trans e LGBTQIA+:

“O Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTQIA+, sobretudo pessoas trans, em todo o mundo, pelo 13º ano consecutivo. Tanto em cena quanto na equipe criativa, a escolha por artistas trans e LGBTs com reconhecimento em suas áreas profissionais é um ato político, artístico e urgente”, diz.

“Tanto em cena quanto na equipe criativa, a escolha por artistas trans e LGBTs com reconhecimento em suas áreas profissionais é um ato político, artístico e urgente.”

Sobre a relevância da história nos dias atuais, Maria Lucas cita a proximidade da personagem Nina com ações e movimentos do agora. “É menos sobre interpretar esses personagens e muito mais sobre buscar uma relação nossa com eles. Algumas frases da Nina me parecem muito atuais, como quando ela fala que os teatros estão fechados há dois anos. Não tem como ler isso e não pensar na retomada dos teatros que estamos vivendo este ano.”

Completam o time Bem Medeiros na produção; e Rodrigo Menezes nas fotos. O Pandêmica Coletivo Temporário de Criação nasceu na pandemia, sendo um ponto de convergência para artistas de todo o país se unirem em espetáculos virtuais. Agora, no pós-quarentena, o grupo começa a formar seus primeiros projetos presenciais.

A apresentação é parte da programação do 8º Festival Midrash de Teatro, e dá destaque a atores, atrizes e realizadores trans e LGBTQIA+ que, inspirados no clássico da dramaturgia russa, criarão um novo fio condutor para a trama, destacando as relações humanas.

Algumas frases da Nina me parecem muito atuais, como quando ela fala que os teatros estão fechados há dois anos. Não tem como ler isso e não pensar na retomada dos teatros que estamos vivendo este ano.

Nesta etapa da construção cênica, com foco na criação da dramaturgia, o grupo apresentará a abertura do processo, seguida por um bate-papo com o público, a fim de conversar sobre como chegaram até ali e, após o evento, traçar novos caminhos para o processo de construção do futuro espetáculo.

Abertura de Processo – Ato 1: Ensaiando Nina: 3/11 -20R$40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada)

Teatro Municipal Café Pequeno: Avenida Ataulfo de Paiva, 269, Leblon, Rio de Janeiro, RJ

www.midrash.org.br/

16 anos. 35 minutos.

Fotos: Rodrigo Menezes