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PONTE DA AMIZADE

Drags brasileiras, paraguaias e argentinas unem forças para manter a cena na fronteira

Longe do epicentro drag do eixo São Paulo-Rio de Janeiro, a fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai vem mostrando que tem mais atrações do que as Cataratas. Foz do Iguaçu tem cena drag e assiste um movimento de união entre as meninas dos três países – com direito a festa multinacional sendo planejada para celebrar com muito glamour a Tríplice Fronteira.

Uma das expoentes dessa união de forças é A comicamente ácida Yala, que acaba de lançar um vídeo-manifesto defendendo a cena drag fronteiriça dos comentários de que por lá não há boas artistas. “Infelizmente esse comentário maldoso acabou prejudicando a nossa cena”, lamenta.

É diretamente da terra onde o clichê somente enxerga falsificações que Yala fala muito sinceramente à Ezatamag sobre como começou esse movimento Brasil-Argentina-Paraguai. Ela também revela um ponto super positivo em ser drag na fronteira de comércio fácil:

Porque é legal ser drag em Foz do Iguaçu? Como tem sido essa interação de fronteiras?

O legal é que a gente pode comprar maquiagem beeeem mais barata, looks, etc! Tem algo que estamos começando a fazer agora: interagir com as drags dos outros países, que são de uma cultura totalmente diferente. Levou um tempo até a gente conseguir alcançá-las, mas já estamos dialogando para a primeira festa drag da fronteira!

Yala: me incomoda quando falam que um lugar não tem cena drag só porque não tem drag nas boates

Você não está sozinha nessa porque disse estamos, quem são as outras meninas?

Bom, é um coletivo sem nome, sem sede, que cresce todo ano. São umas drags tudo fodida na verdade (aquelas rs). Tudo começou justamente quando queríamos performar, mas não tínhamos um lugar. A gente se juntou, se organizou, conseguimos um espaço em uma feira de artesanato e montamos um show de uma hora!

Quando foi isso? Tem feito sucesso?

Isso foi final de 2016. Durante 2017, realizamos tantos outros eventos em espaços de cultura que não eram boates, como geralmente se espera da drag. Por isso me incomoda quando falam que um lugar não tem cena drag só porque não tem drag nas boates. Eu e esse coletivo do qual participo ocasionalmente alinhamos tempo e vontades pra fazer bingos drags, shows, performances, em espaços onde ninguém espera encontrar uma drag, como cafés e restaurantes, feirinha de Natal, entre outros.

No nosso mundo, enquanto drag, a gente precisa criar nossos espaços, literalmente. Levamos a performance e arte além da cena noturna.

Por que é importante fazer essa construção enquanto drag?

No nosso mundo, enquanto drag, a gente precisa criar nossos espaços, literalmente. Transformamos cafés e restaurantes em palcos, bingos, gravamos vídeos, levamos a performance e arte drag além da cena noturna. Até porque, se nos deixássemos abalar pela cena noturna, nem sairíamos de casa. Foz teve seu auge, há muuuuitos anos, mas parece que com o tempo, tanto público quanto espaços “perderem foco e fôlego”. Inclusive, eu e o coletivo drag do qual faço parte temos um público forte, consolidado, afetuoso. O problema é: não tem boates, casas de show, teatros, e o pouquíssimo que tem, é muito elitizado, hétero, inacessível.

www.facebook.com/yalathedragqueen/

Redação

Redação Ezatamentchy

1 Comments
  1. Mateus

    29/08/2019 10:37

    Maravilhosaaaaaa!!

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