Professora da UFPI pede mais pesquisas sobre o universo queer
A professora Mariane Pisani, formada em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestre e doutora em Antropologia, tem dedicado sua carreira a explorar as complexidades das identidades de gênero e sexualidades no Brasil. Atualmente professora no Departamento de Ciências Sociais e Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI), ela orienta trabalhos sobre corporalidades trans e sexualidades LGBT+ no contexto de Teresina.
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De acordo com ela, “os preconceitos e as violências contra as pessoas LGBTQIA+ são um problema no mundo e especialmente no Brasil, que é um dos países onde mais se mata pessoas LGBTQIA+.” Entre as causas principais dessa violência, ela destaca o fundamentalismo religioso, a estrutura patriarcal e o sistema heteronormativo que permeia a sociedade brasileira.
Seus impactos são profundos e abrangentes, afetando tanto a esfera pessoal quanto profissional das pessoas LGBT+. Essas violências invalidam a sexualidade e a identidade de gênero das pessoas, provocando dor e sofrimento tanto físico quanto psicológico, e, em situações extremas, resultam em assassinatos.
“Os preconceitos e as violências contra as pessoas LGBTQIA+ são um problema no mundo”
Para isso, as pesquisas acadêmicas sobre gênero e sexualidades são fundamentais para construir uma sociedade mais justa e inclusiva. “As pesquisas nos ajudam a conhecer, com mais detalhes e precisão, o cenário com o qual lidamos,” explica Pisani. Quando bem conduzidas e apoiadas por políticas públicas, essas pesquisas podem resultar em mudanças significativas na vida das pessoas LGBT+.
Ela cita algumas políticas públicas importantes, como a inclusão de campos de identidade de gênero e orientação sexual nos sistemas de informação em saúde e a participação dos movimentos sociais LGBT nos conselhos de saúde. “Essas políticas asseguram a cidadania das pessoas LGBTQIA+,” reforça Pisani.
Com isso, a comunidade acadêmica pode desempenhar um papel crucial ao se articular com a sociedade civil. “Aliando pesquisas científicas aos investimentos públicos, podemos pavimentar uma sociedade mais equânime e menos violenta com as diferenças,” afirma a professora.