Luc Besson, após uma série de filmes irregulares, volta a brilhar com “Dogman”

“DogMan” (França, 2023) Luc Besson, após uma série de filmes irregulares, volta a brilhar com “Dogman”. O longa acompanha Doug (Caleb Landry Jones), que sofreu maus tratos do pai e agora adulto, cada vez mais estranho e atormentado, expressa, depois de ter sido despedido de um canil onde trabalhava, a sua sociabilidade num espetáculo, todas as sextas-feiras, de drag queen, onde canta e imita Edith Piaf.

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Quando adulto, o personagem é consolado graças ao carinho que sente por seus cachorros. No início do filme, encontramos Douglas, ferido, e vestido de mulher, enquanto ele é parado pela polícia e preso. Ao longo do filme, confrontando a psiquiatra Evelyn (Jonica T. Gibbs), o passado de Douglas e as ações que levaram à sua prisão aos poucos virão à tona, mostrando toda a fragilidade de uma personalidade marcada por inúmeros infortúnios e injustiças.

Douglas está em uma cadeira de rodas e foi preso enquanto dirigia, com um vestido ensanguentado e coberto de ferimentos, uma van cheia de cachorros. Douglas relembra sua infância turbulenta, marcada pela violência do pai. Sua mãe os deixou, e seu irmão mais velho já era tão marginalizado que considerava normais os atos cruéis de seu pai.

Para sobreviver, o pai organizava brigas ilegais de cães. Quando Douglas foi traído por seu irmão mais velho – por alimentar secretamente os cães – ele foi trancafiado no canil como punição. À medida que Douglas crescia tentando entender o mundo, ele desenvolveu um vínculo especial com os cães, que eram seus únicos amigos leais.

Agora, já adulto, Douglas se sente cada vez mais solitário e atormentado, mas está exausto. Depois que o canil onde trabalhava foi fechado, ele decidiu seguir seu próprio caminho e levou todos os cães com ele. ‘Dogman’ é, acima de tudo, uma jornada fascinante dentro de uma psique em turbulência.

Do abuso do pai, trancafiado em uma gaiola com cachorros, ao parêntese como uma drag, o protagonista do filme explora tudo de si mesmo, apelando para sua condição de pária, para o amor dos cães , para as possibilidades que foram excluídas devido à sua dificuldade de andar. Na @primevideobr

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com

Instagram: @cinematografiaqueer

Twitter: @eduardoirib