André Mendonça (à direita), visitou o presidente da Corte, Luiz Fux — Foto: Rosinei Coutinho/STF

André Mendonça é confirmado no STF e começa uma era de obscuridade no último refúgio para os LGBT

O ex-advogado da União André Mendonça foi confirmado como o novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) – colocando em dúvida a capacidade dele em julgar seguindo o Estado laico, onde a religião não interfere nas decisões. Não durou muito e veio a confirmação: a mais alta Corte brasileira, ultimamente a única saída para os direitos LGBT, será ocupada por “um homem terrivelmente evangélico”.

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A classificação foi feita pelo (des)presidente da República, que indicou André ao cargo, ao comemorar justamente o viés ideológico do novo ministro do STF, que toma posse já no dia 16 – já em 2021, já comovendo uma parcela da população que confunde Bíblia com Código Penal.

O próprio futuro ministro também fez questão de ressaltar suas convicções religiosas depois de ser confirmado. “Minha primeira reação foi dar glórias a Deus. É um passo para um homem, mas na História dos evangélicos do Brasil é um salto.”

O nome de André Mendonca, como é praxe, passou por sabatina no Senado Federal antes de ser aprovado no último dia 1. Aos parlamentares, ele disse que defendia o Estado laico e a liberdade de imprensa. Minutos depois da confirmação de seu nome, deu as declarações acima.

Minha primeira reação foi dar glórias a Deus. É um passo para um homem, mas na História dos evangélicos do Brasil é um salto.

É preocupante a falta de coerência de ideias do futuro ministro, que chegou a ser envolvido em uma dança das cadeiras no (des)governo federal na tentativa de interferir na direção da Polícia Federal motivada por interesses pessoais do Executivo.

Palco de conquistas históricas para o movimento LGBT como a união estável e a criminalização da homofobia, o STF se prepara para receber Mendonça participando de julgamentos considerados polêmicos, que abordarão temas como bloqueio de perfis de apoiadores do (des)governo nas redes sociais e prisão após condenação em segunda instância.

O terceiro e último dos Poderes ainda independente começa a ficar mais obscuro.