Festa do Indetectável reúne multidão e repercute positivamente em favor da informação sobre HIV

Por @posithividades

Foi uma festa, mas não uma simples festa. Para quem está de fora, talvez não tenha noção da importância do engajamento da Festa do Indetectável. “’Eu estou vivendo com HIV’ pode ter pouco ou nenhum significado para muita gente, mas para quase 1 milhão de pessoas vivendo com o vírus no Brasil, a palavra indetectável é sinônimo de vida”, escreveu o psicanalista Naamã Rubet em seu perfil no Instagram, ao trazer uma importante contribuição sobre o tema.

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Ele levanta a questão do HIV e a Indetectabilidade como algo a ser celebrado. “A indetectabilidade não é importante apenas como uma experiência individual de quem descobriu a infecção, mas também é significativa na desaceleração da epidemia de HIV/Aids, ou seja, registros de novas infecções”, destaca o profissional especializado na comunidade LGBTQIA+.

Em pleno Dezembro Vermelho, que amplia as vozes para o tema luta contra o vírus HIV, a Aids e outras IST, é importante perceber que tratar todas as pessoas vivendo com HIV está entre os pilares da Mandala Prevenção, que é um conjunto de estratégias (estruturais, comportamentais e biomédicas) que utiliza diferentes formas de abordagens para dar uma resposta ao HIV e outras IST. “Tratar-se resulta na indetectabilidade, e a indetectabilidade proporciona a intransmissibilidade do HIV”, destaca Rubet.

Para quase 1 milhão de pessoas vivendo com o vírus no Brasil, a palavra indetectável é sinônimo de vida.

O organizador da Festa Indetectável, Lucian Ambrós, comemora a experiência, os resultados e como tudo isso reverberou na imprensa e nas redes sociais. “Falar sobre o tema é trazer o olhar para a nossa realidade, é apresentar à sociedade que há vida e que é preciso respeito e consideração. O caminho é longo, mas cada passo é muito proveitoso”, salienta.

Estudos 
Importantes estudos, como o PARTNER1, realizado de setembro de 2010 a maio de 2014, e o PARTNER2, realizado de maio de 2014 a abril de 2018, assim como o Estudo Opposites Attract, concluíram, baseados em evidência, que o risco de transmissão do HIV por uma pessoa que esteja em terapia Antirretroviral (TARV) e com a carga viral indetectável, é inexistente. Isso significa que uma pessoa vivendo com HIV e com carga viral indetectável por mais de seis meses, deixa de transmitir o vírus. Então falamos que I = I, ou seja, Indetectável = Instransmissível.

Falar sobre o tema é trazer o olhar para a nossa realidade.

Segundo o Boletim Epidemiológico de HIV/Aids 2022, do Ministério da Saúde, divulgado recentemente, só no Brasil, de 1980 a 2021, ocorreram 371.744 óbitos em decorrência da Aids. Isso significa que essas milhares de pessoas atravessadas por essa infecção não alcançaram a indetectabilidade e ficaram doentes.

A indetectabilidade, além de impedir a transmissão do vírus, contribui grandiosamente na saúde orgânica dos sujeitos atravessados pela infecção. Ponto positivo para quem abraça a causa e busca informar corretamente a população.

Fotos: @alexsantana21