Casa LGBT na Capital Federal busca ajuda para terminar obras e acolher quem precisa

Uma Casa Rosa está sendo erguida entre a arquitetura de Lucio Costa e Oscar Niemeyer em Brasília para abrigar LGBT que foram expulsos dos contornos de suas casas. Uma história de empatia de duas gerações onde ninguém necessitava de um lar, mas tinha na cabeça traçada a necessidade de desenhar um novo momento de quem estava demolido.

O primeiro esboço da Casa Rosa foi feito ainda há muitos anos, quando o pai de Marcos Venisson Tavares abriu as portas e todo o terreno de sua casa para que o filho, jovem e cheio de vida, recebesse os amigos – consequentemente garantindo a segurança de todos – em um pequeno espaço construído pelos dois com as próprias mãos ezatamentchy para isso. Quem precisava de abrigo acabava ficando mais tempo até fincar novos alicerces, descolar dinheiro para pagar um aluguel, pintar um emprego.

“Meu pai queria que eu estivesse mais próximo dele porque eu não morava na mesma casa. E eu presenciava amigos sendo expulsos de suas casas e sempre dava apoio”, lembra Marcos. O pai infelizmente faleceu, Marcos assumiu a casa e continuou recebendo os amigos, mas confessa que deixou um pouco de lado na época a ideia de uma estrutura que pudesse abrigar uma casa de apoio.

Isso até ele, em 2017, comentar sobre o projeto no grupo de humanização do qual faz parte na capital federal. As paredes já haviam sido levantadas por ele e pelo pai, a estrutura já era realidade. “Todo mundo disse que era muito necessário finalizar o espaço. Mas eu não tinha condições, então decidimos tornar público o financiamento para ver se conseguíamos recursos para finalizar. Deu um boom de gente querendo ajudar, porém, os recursos que entraram são poucos, a sociedade contribui, mas contribui pouco.”

Falta material de construção e mobília. Mas a necessidade maior mesmo é de material de construção. Temos uma vaquinha online, mas quem quiser pode ajudar até mesmo com doação do próprio material. A gente inclusive prefere.

O mais necessário neste momento para levar o projeto adiante é de materiais de construção para finalizar pelo menos o primeiro andar do sobrado. “Falta material de construção e mobília. Mas a necessidade maior mesmo é de material de construção. Temos uma vaquinha online, mas quem quiser pode ajudar até mesmo com doação do próprio material. A gente inclusive prefere.”

A meta é que até outubro esta primeira parte já esteja finalizada – com espaço para acolher de oito a 10 pessoas. No total, a Casa poderá acolher 20 pessoas (mas com capacidade de ampliação futura), com refeições diárias, dormitório e acompanhamento psicossocial e de saúde por meio de futuras parcerias com hospitais e clínicas.

As paredes da Casa Rosa também oferecerão intermediações de conflitos inclusive familiares e apoio na conclusão de estudos em fases como EJA e Enem. “Já temos grupos de professores se preparando para isso e profissionais de nutrição porque teremos uma cozinha semi-industrial para oferecer cursos básicos rápidos.” As delicias aprendidas fazem parte da retomada da geração da renda dessas pessoas, que contarão também com oficinas de artesanato e um espaço com internet.

Sem parar

Mesmo com a estrutura física ainda não finalizada, os contornos dos serviços já aparecem com uma parceria com a seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Duas pessoas estão sendo auxiliadas com seus nomes sociais. Já é realidade também atendimento psicológico para transtornos emocionais, fragilidades de sentimentos e atentados contra a própria vida.

O trabalho é feito por um corpo voluntário de psicólogos que, desde o início do ano, se tornou essencial porque, conta Marcos, tem aumentado o número de LGBT expulsos de casa. Sinal dos tempos de um novo grupo político no poder, a busca pelo acolhimento da Casa Rosa, que antes não chegava a ser diária, agora é de pelo menos uma ou duas pessoas por dia precisando se estruturar.

“Elas chegam aqui aflitas porque a família não tolera mais por serem LGBT, então querem sair de perto para não suportar mais essa pressão da humilhação, da homofobia familiar, que inclusive não e só física”, testemunha Marcos, convidando que “este é um projeto nosso, de todo mundo que dá um apoio”.

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