“Aos Teus Olhos” traz atuação impressionantemente complexa e que não depende de uma posição clara ou outra

Por Eduardo de Assumpção*

Aos Teus Olhos(Brasil, 2017) traz Rubens (Daniel de Oliveira), um instrutor de natação infantil. É um trabalho que ele ama, mas ele pensa em si mesmo como uma espécie de estrela. Sua arrogância tem seu charme e claramente atinge o alvo com sua atraente e jovem namorada, mas decorre de um egocentrismo e ingenuidade que poderiam colocá-lo em apuros.

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Admirar as fotos de crianças de 12 anos, seminuas nas redes sociais, e mostrá-las aos colegas não é uma jogada inteligente. Mas as coisas ficam fora de controle para o protagonista quando ele é acusado de tocar inapropriadamente em um dos meninos de sua classe. Alex (Luiz Felipe Mello) chega em casa chateado um dia, o pai (Marco Ricca) e a mãe (Stella Rabello), dois progenitores com altas exigências para o sucesso do filho, fazem a grave acusação de contato inadequado envolvendo Rubens.

Na ausência de provas concretas, a supervisora Ana (Malu Galli) quer apoiar seu funcionário, mas não quer desacreditar numa criança que diz ter sido assediada, mesmo que ela só saiba por meio de seus pais. Em um dilema moral, ela tenta manter uma posição nobre e essencialmente faz o mínimo possível. O foco é como pessoas diferentes respondem à incerteza.

Considerando as várias maneiras pelas quais as mídias sociais impactam a moralidade, o roteirista Lucas Paraizo dá um toque moderno a uma história antiga. A diretora Carolina Jabor traz uma clareza visual em desacordo com a obscuridade da história, usando a água da piscina, o céu claro e as grandes janelas como metáforas estéticas.

Daniel de Oliveira apresenta uma atuação impressionantemente complexa e que não depende de uma posição clara ou outra. A crescente consciência de Rubens sobre sua própria vulnerabilidade é suficiente para mantê-lo interessante. O filme fica na ponta dos pés entre o acusador e o acusado, com as autoridades no meio jogando as mãos para o ar ou cruzando os braços com seriedade.

É essencialmente um arco de história simples, mas as pontas espinhosas da malícia e da desinformação deixarão a interpretação Aos Teus Olhos.

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com

Instagram: @cinematografiaqueer

Twitter: @eduardoirib