Documentário de Carla Gutiérrez narra a vida de Frida Kahlo através de um diário animado e sem depoimentos

Por Eduardo de Assumpção*

“Frida” (EUA, 2024) Este não é o primeiro filme sobre a pintora mexicana Frida Kahlo, que viveu de 1907 a 1954. Mas o documentário de Carla Gutiérrez, narra a vida da artista através de um diário animado, usado como fio condutor, e sem depoimentos. Fernanda Echevarria del Rivero dá voz à Frida e faz isso de forma muito eficaz.

Leia também:

“Todos Nós Desconhecidos” vai te arrepiar com sua beleza e escolha ousada de ângulo

 “Lisa Frankenstein” é camp em sua estética e trilha sonora inspiradas nos anos 80

Habilidades psíquicas, sangue e inveja marcam o terror teen “Departing Seniors”

As palavras de Frida podem dominar aqui, mas também há citações expressas de muitos outros que desempenharam um papel em sua vida, incluindo o artista Diego Rivera, com quem se casou duas vezes, sua amiga Lucile Blanch e o escritor André Breton, que a incentivou a ir à Paris após uma exposição individual em Nova York, em 1938.

A vida de Frida é apresentada basicamente em ordem cronológica. Mesmo em seus tempos de escola, Frida já era uma rebelde que se destacava contra sua mãe religiosa e, quando jovem, estava pronta para abraçar o comunismo, no qual via o espírito da revolução mexicana de Zapata. Descarada no uso de uma linguagem forte e com um potente desejo sexual, ela nunca foi de se conter.

Ela trouxe suas pinturas para Diego Rivera, casou-se com ele apesar de chamá-lo de “cara de sapo” e viajou com ele para Nova York em 1931. Lá, ela era altamente crítica do que via dos ricos, assim como no final da década ela desrespeitaria muitos intelectuais franceses, incluindo até então Breton, que procurou categorizar sua pintura como surrealista (ela não concordava e dizia isso).

Ouvir os comentários de Frida feitos sem reticências fornece uma visão eficaz de todos os aspectos de sua vida, incluindo a dor ao longo da causada por seu envolvimento em um acidente de ônibus aos dezoito anos, seu aborto espontâneo durante seu primeiro casamento com Rivera e seu reconhecimento franco de seus muitos casos com homens e mulheres.

Ao mostrar suas obras de arte – muitas delas autorretratos – Gutiérrez optou por usar recriações digitais e depois elaborá-las com toques de animação. O resultado é certamente colorido, mas brincar com a arte deixada por Frida Kahlo, é no mínimo arriscado. Mas o que o filme faz de melhor é pintar um quadro de Frida para o público. Texto Completo no Link na Bio.

Disponível no @primevideobr.

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com

Instagram: @cinematografiaqueer

Twitter: @eduardoirib