Nallanda Bioche é a representante do Estado do Pará no concurso Miss Beleza Trans Brasil

A ariana de 32 anos Nallanda Bioche é a representante do Estado do Pará no concurso Miss Beleza Trans Brasil, que será realizado no Rio de Janeiro, no próximo dia 3 (saiba mais aqui). Entramos em contato com todas as eleitas e publicaremos as respostas por ordem de chegada, as entrevistas já publicadas estão no fim da página.

“No meu caso, eu carrego toda uma comunidade que busca por anos igualdades. Uma Miss é a representante que por meio da beleza carrega toda a comunidade LGBT, a Miss toma frente através desse espaço que lhe é oferecido para lutar por toda essa comunidade”, conta.

Fizemos para a paraense que mora em Curitiba as mesmas perguntas enviadas às outras candidatas, garantindo isonomia na divulgação delas. Conheça um pouco mais sobre Nallanda Bioche e seus objetivos como Miss:

Como foi a trajetória até ser eleita em seu Estado?

Eu sempre participei desde muito nova de concursos de beleza dentro da comunidade LGBT, fui eleita Miss Pará Gay em 2010 antes de realizar a minha transição de gênero, participei de um dos maiores concurso nacionais que é o Miss Brasil Gay em Juiz de Fora (MG) no mesmo ano, onde fui eleita primeiro lugar traje típico e quinto lugar geral no concurso. Depois de alguns anos vim morar em Curitiba, onde também fui eleita Miss Curitiba 2015. Após estes anos, me dediquei a trabalhar em outras áreas e deixei de participar de concurso, e acabei ficando nos bastidores, fazendo parte do corpo de júri, outras vezes como admiradora. Foi quando em 2019 fiquei sabendo desta nova franquia do Miss Beleza Trans Brasil, e por insistência de amigos e a oportunidade de poder representar meu Estado em um concurso de nível nacional, resolvi voltar às passarelas dos concursos de beleza, e também uma forma de encerrar minha carreia em grande estilo.

Eu sempre participei de concursos de beleza dentro da comunidade LGBT, fui eleita Miss Pará Gay em 2010

O que isso significou para você?

Significou uma grande realização, tanto pessoal, quanto profissional. Consegui demonstrar as belezas do meu Estado num concurso nacional, e o mesmo me ofertou uma gama de conhecimentos e parcerias de trabalho.

Como você acha que pode ajudar a comunidade LGBT sendo Miss?

Um concurso de Miss atualmente não é apenas um desfile de mulheres bonitas, mais sim um espaço de fala, de reflexões, de liberdade da mulher e emponderamento feminino. No meu caso, eu carrego toda uma comunidade que busca por anos igualdades. Uma Miss é a representante que por meio da beleza carrega toda a comunidade LGBT, a Miss toma frente através desse espaço que lhe é oferecido para lutar por toda essa comunidade. Eu acredito que a maior forma de ajudar minha comunidade está aliada ao discurso que geralmente é associado às Misses, o da Paz, esta paz que buscamos perante todos indivíduos de uma sociedade. É de sua função através deste título ceder sua imagem, ou seja, sua beleza, para informar, perpetuar e alcançar diversas pessoas sobre as informações corretas sobre: identidade de gênero, casamento homoafetivo, transfobia, lgbtfobia, entre outras informações que por muitas vezes chegam distorcidas para a sociedade em geral. O discurso, a informação, o diálogo, para mim, sempre será a melhor forma de ajudar a minha comunidade.

Além de Miss, quais são seus projetos?

Atualmente estou focada mais em projetos pessoais, como a formação em minha área de estudo. Mesmo assim não deixo de tentar contribuir com a sociedade em geral, sempre que posso estou envolvida em projetos sociais, por meio de ONGs. Eu gostaria de estar mais presente nessas ações, infelizmente nem sempre é possível.

Você acredita que ter se tornado Miss te ajudou na sua autoestima?

Ajudar em minha autoestima não contribuiu, pois, para ser uma Miss você tem que estar disposta a ser julgada 24h do seu dia. Ser Miss me mostrou o quanto eu devo ser forte para encarrar os problemas diários, abriu um leque sobre o quanto eu devo buscar por conhecimento, me ensinou a ser cada dia mais humana com meu próximo, a ser todo dia uma pessoa humilde, alegre e feliz, e acima de tudo a agradecer sempre. Ou seja, me transformou em um ser humano melhor.

Ser Miss me mostrou o quanto eu devo ser forte para encarrar os problemas diários, abriu um leque sobre o quanto eu devo buscar por conhecimento, me ensinou a ser cada dia mais humana com meu próximo.

É importante para os LGBT construírem sua autoestima? Por quê?

Muito importante, pois é por meio dela que nos apresentamos para o mundo, mundo este que nos rejeita todo dia, não respeita a nossa existência, e que não está disposto a conviver com as diferenças. No meu ponto de vista, vivemos em uma sociedade hipócrita, onde nossa maior força é a nossa autoestima, não somos especiais por sermos diferentes, mas somos diferentes deles, então precisamos nos fortalecer para encarrar tais mazelas sociais que somente desejam nos banir dos espaços comuns de convívio social, que é nosso por direito.

Como podemos nos ajudar nesse sentido?

A forma de nos ajudar é buscarmos sempre o outro, ou seja, temos que nos unir, todos os LGBT têm que estar conectados uns com os outros, auxiliando, ajudando a criar autoestima em cada um, mostrando o quanto somos fortes e capazes. Ao invés de tentar sermos superiores uns aos outros, devemos ser uma comunidade na vida real e não apenas nos discursos. Temos que criar redes de comunicação que possibilitem a interação entre todos, a união é importante para que possamos nos ajudar sempre.

Ao invés de tentar sermos superiores uns aos outros, devemos ser uma comunidade na vida real

Agora uma pergunta clássica: qual seu maior sonho?

Atualmente ser a Miss Beleza Trans Brasil 2019.

Instagram @nalla_bioche

 

Entrevistas já publicadas:

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Andrelle Balduíno (SP)

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