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Andrelle Balduíno é a representante de São Paulo no concurso Miss Beleza Trans Brasil

A capricorniana de 24 anos Andrelle Baldwin é a representante do Estado de São Paulo no concurso Miss Beleza Trans Brasil, que será realizado no Rio de Janeiro, no próximo dia 3 (saiba mais aqui). É essa beleza toda que abre a série de entrevistas da Ezatamag: entramos em contato com todas as eleitas e publicaremos as respostas por ordem de chegada. Eloá Rodrigues (RJ) já participou, veja clicando aqui.

“Eu senti que eu faço parte e percebi que se hoje eu fui notada e estou aqui é porque eu realmente tenho algo de positivo para mostrar e fazer tanto pelas pessoas LGBTQI+ quanto para a sociedade de forma geral, afinal, a luta é para que todos possamos ocupar os mesmos espaços, é pela equidade”, conta.

Fizemos para a moradora de “uma cidadezinha do interior de São Paulo chamada Cravinhos” as mesmas perguntas enviadas às outras candidatas, garantindo isonomia na divulgação delas (os textos de abertura também terão pouca alteração). Conheça um pouco mais sobre Andrelle Baldwin e seus objetivos como Miss:

Como foi a trajetória até ser eleita em seu Estado?

Acredito que a história começa com a moda. O mundo da moda sempre me atraiu de certa forma, mas demorou muito tempo até eu perceber que eu poderia ocupar aquele espaço, porque crescemos ouvindo muitas coisas negativas a respeito de nossa aparência e, assim como muitas pessoas, por muito tempo eu também acreditava naquilo que as pessoas diziam. Posteriormente, quando tive uma breve experiência trabalhando em uma agência de modelos como assistente de booker, eu passei a ter um contato mais próximo com o mercado e com pessoas que tinham experiência no assunto. Com isso passei a entender um pouco do cenário e as diferenças entre o “ser modelo” e o “ser Miss” e com isso, unido à minha personalidade, entendi de fato onde eu me encaixaria melhor, apesar de me encontrar nas duas formas. Eu não queria apenas vender o produto, mas também ser o produto. Falar dessa forma pode assustar inicialmente, afinal, o que é “ser o produto”? Quando estamos falando de um produto falamos em algo com um conjunto de características que atende determinada necessidade, e ser Miss é justamente isso: ser a pessoa que é capaz de impactar a vida das outras de uma forma positiva, seja com uma mensagem de carinho, de motivação, conhecimento. É ter um propósito de vida, que é mostrar para a sociedade que sua existência e das outras pessoas como você também importa, assim como a de todo ser humano. Então digamos que minha trajetória até aqui foi mais interna do que externa, um período de autoconhecimento.

Ser Miss é justamente isso: ser a pessoa que é capaz de impactar a vida das outras de uma forma positiva, seja com uma mensagem de carinho, de motivação, conhecimento.

O que isso significou para você?

Eu senti que eu faço parte e percebi que se hoje eu fui notada e estou aqui é porque eu realmente tenho algo de positivo para mostrar e fazer tanto pelas pessoas LGBTQI+ quanto para a sociedade de forma geral, afinal, a luta é para que todos possamos ocupar os mesmos espaços, é pela equidade.

Como você acha que pode ajudar a comunidade LGBT sendo Miss?

Confesso que por muito tempo evitei a exposição por ver o quanto as pessoas são tão cruéis nos julgamentos, e lidar com críticas destrutivas ainda era algo bem difícil para mim. Mas hoje estou aqui com o desejo de ajudar a comunidade justamente por ter conseguido me desprender de algumas questões que ainda são complicadas para algumas pessoas e, novamente, levar mensagens de amor, tolerância, respeito, empatia, autoconhecimento e esperança. Dar força e motivar o maior número de pessoas possível é o meu propósito. Tudo é um processo e tudo pode (e deve) ser trabalhado para que possamos viver melhor.

Além de Miss, quais são seus projetos?

Uma das minhas maiores vontades gira em torno do empreendedorismo. Quero ser uma empreendedora de sucesso e, após adquirir bagagem suficiente, desenvolver um projeto que motive ainda mais o empreendedorismo, principalmente dentro da comunidade LGBT, acho importante e incrível a experiência de ser dona de si mesma e ao mesmo tempo gerar oportunidades para os outros (de emprego, por exemplo).

Você acredita que ter se tornado Miss te ajudou na sua autoestima?

Acredito que ter trabalhado minha autoestima antes ajudou a ter me tornado Miss, mas confesso que o título melhorou ainda mais minha relação comigo mesma, pois nesse percurso pensei sim em desistir algumas vezes por me sentir insuficiente, mas tenho amigos incríveis que contribuíram muito durante esse processo.

É importante para os LGBT construírem sua autoestima? Por quê?

Acredito que sim, pois a realidade da maioria dos LGBTQI+ infelizmente é árdua. Não é tão simples viver a sua verdade com pessoas, em sua maioria próximas, te colocando para baixo e muitas vezes precisamos ser autossuficientes para nos enxergar com amor e falar para nós mesmos: “Eu sou muito mais do que eles dizem e eu tenho consciência disso”.

São tantos sonhos que é muito difícil citar apenas um e sempre que um se concretiza abrimos espaço para outros.

Como podemos nos ajudar nesse sentido?

Acredito que a troca de experiência vale muito nesse sentido. Muitas vezes nos apegamos ao que vemos por aí, principalmente em redes sociais, e a vida alheia parece tão perfeita, não é mesmo? Quando, na verdade, as pessoas só têm medo de expor suas inseguranças, seus medos, suas experiências negativas e com isso se privam de ouvir histórias parecidas e enxergar um caminho mais fácil para lidar com determinada questão. É muito melhor quando temos outras pessoas conosco e dividir experiências com base no que realmente vivemos já faz parte desse processo.

Agora uma pergunta clássica: qual seu maior sonho?

São tantos sonhos que é muito difícil citar apenas um e sempre que um se concretiza abrimos espaço para outros. Então acredito que o maior de todos os sonhos é conseguir colocar em prática todos os meus projetos, assim como os novos que surgirão, e ter o privilégio de me realizar tanto profissionalmente quanto nos objetivos pessoais. Tornar o sentimento de satisfação frequente, por entender que mais uma etapa foi concluída com sucesso.

Instagram @drellebaldwin

Fotos desta matéria: Lola D’milua, com make-up de Regiane Cruz e produção de Carlos Rezende