Bem-vinde a revista online do @ezatamentchy!
Procurar

PIAUIENSE

Ana Luiza Ferreira é a representante do Estado do Piauí no concurso Miss Beleza Trans Brasil

A geminiana de 24 anos Ana Luiza Ferreira é a representante do Estado do Piauí no concurso Miss Beleza Trans Brasil, que será realizado no Rio de Janeiro, no próximo dia 3 (saiba mais aqui). Entramos em contato com todas as eleitas e publicaremos as respostas por ordem de chegada, as entrevistas já publicadas estão no fim da página.

“Uma miss vai muito além de um corpo padronizado e rostinho maravilhoso, ela é também uma porta-voz social e deve assumir um compromisso com a comunidade. É sabido que os sistemas simbólicos tornam possível aquilo que somos e aquilo que podemos nos tornar ao ver nosso semelhante em ascensão”, conta.

Fizemos para a moradora do Rio de Janeiro as mesmas perguntas enviadas às outras candidatas, garantindo isonomia na divulgação delas. Conheça um pouco mais sobre Ana Luiza Ferreira e seus objetivos como Miss:

Como foi a trajetória até ser eleita?

Apesar de nunca ter participado até hoje de um concurso de beleza, desde criança me sentia atraída. Para o Miss Beleza Trans Brasil, não houve uma etapa de seletiva estadual, pois a ocupação das vagas foi de escolha da organização do evento. Acho de suma importância ressaltar que a organização priorizou candidatas que nasceram no Estado, mas que na ausência delas até o prazo estimado, a vaga seria aberta para candidatas de outros Estados (esse foi o meu caso).

Em se tratando de pessoas que assim como eu que querem realizar o sonho de ser miss, o que posso dizer é: seja você mesma!! Acredite no seu potencial, sonhe, batalhe por isso, se empenhe, se dedique que no final o resultado será positivo.

O que isso significou para você?

Ter sido uma das candidatas selecionadas foi uma experiência inenarrável, foi um misto de boas e também preocupantes sensações (risos).

Como você acha que pode ajudar a comunidade LGBT sendo Miss?

Uma miss vai muito além de um corpo padronizado e rostinho maravilhoso, ela é também uma porta-voz social e deve assumir um compromisso com a comunidade. É sabido que os sistemas simbólicos tornam possível aquilo que somos e aquilo que podemos nos tornar ao ver nosso semelhante em ascensão. Ter uma mulher trans (representatividade e visibilidade) e se ainda pensarmos de maneira interseccional (mulher trans: negra, nordestina, periférica, deficiente física, etc) num concurso de beleza nacional, ajuda e muito na desconstrução da identificação, que é de suma importância para a autoafirmação e o autorreconhecimento de todos os indivíduos que estão inseridos numa sociedade repleta de diversidade. Em se tratando de pessoas que assim como eu que querem realizar o sonho de ser miss, o que posso dizer é: seja você mesma!! Acredite no seu potencial, sonhe, batalhe por isso, se empenhe, se dedique que no final o resultado será positivo.

Além de Miss, quais são seus projetos?

Eu sou acadêmica de Medicina e o meu projeto de vida no momento é me formar e ser a cirurgiã que almejo ser, podendo assim ajudar ainda mais as pessoas, em especial a população trans. Fiz também um vídeo de uma campanha que participei da marca de joias da Glória Pires com ela narrando um pouquinho da minha história (veja aqui).

Você acredita que ter se tornado Miss te ajudou na sua autoestima? É importante para os LGBT construírem sua autoestima?

A autoestima é um processo de construção diária que dura a vida inteira. Sócrates dizia: ” conhece-te a ti mesmo” e daí vemos que a autoestima depende do autoconhecimento e esse processo não tem fim. Em relação ao concurso, vejo que a beleza é um fator contribuinte (não o principal) para elevar nossa autoestima. Cito aqui como um exemplo o concurso de miss que aconteceu num complexo penitenciário aqui do Rio de Janeiro em 2015. Imagina a felicidade e o contentamento dessas mulheres que tiveram sua autoestima elevada mesmo sendo vistas de forma negativa e estigmatizada pela nossa sociedade.

Como podemos nos ajudar nesse sentido?

Acredito que o primeiro passo seja reconhecer nossas características, sejam elas boas ou ruins. Devemos ir além dos rótulos, deixando de lado o que os outros pensam, valorizando nossas próprias opiniões. ” A massa é ignorante”, então, é importante “não ir com o rebanho”, ter seus próprios valores. Outra coisa muito importante é resgatar a criança que existe dentro de você. Se permita!! É preciso buscar o que alimenta a alma.

Agora uma pergunta clássica: qual seu maior sonho?

Apesar de soar clichê, busco minha felicidade. Ser feliz é, dentre vários outros, meu maior sonho. Ser feliz tendo as pessoas que amo e que me amam ao meu lado… Ser feliz chegando à velhice…. Ser feliz vivendo num mundo menos intolerante e mais humano, onde as pessoas possam ser quem realmente são, livres de qualquer tipo de discriminação e preconceito.

Instagram @analuh_fermend

Entrevistas já publicadas:

Eloá Rodrigues (RJ)

Andrelle Balduíno (SP)

Larissa Costa (AP)

Wana Garcia (MS)

Alice Rodrigues (CE)

Hellen Portillo (DF)

Nathaly Luana (PR)

Gabrielly Santos (RS) 

Fernanda Carter (ES)

Nicolle Gondim (AC)

Fernanda Bianki (PB)

Ananda Oliveira (RN)

Karita Close (SC)

Nallanda Bioche (PA)

Branca Bacci (MT)

Karen Aguiar (GO)

Ariella Moura (MG)

Louise Xavier (BA)

Gabrielle de Paula (RR)

Anne Priscila Martins (SE)

Jéssica Souza (AL)

Redação

Redação Ezatamentchy

1 Comments
  1. João Geraldo Netto

    02/11/2019 15:36

    Essa garota é muito legal! Inteligente, comprometida, linda e engajada. Como sempre digo, não basta fazer parte de uma população oprimida para ser ativista, mas essa daí é sim. Faz valer o cuidado com o movimento de travestis e mulheres trans.

Deixe um comentário