“Love Lies Bleeding”  explode com paixão que não é mostrada apenas em suas cenas de amor

Por Eduardo de Assumpção*

1989. Lou (Kristen Stewart) vive em uma pequena cidade no Novo México (EUA) e administra uma academia local que seu distante pai, Lou Sr. (Ed Harris), possui. Uma noite, Jackie (Katy O’Brian), uma andarilha de Oklahoma, chega à cidade a caminho de uma competição de fisiculturismo em Las Vegas. Elas acertam, mas se metem em problemas quando Jackie toma as coisas em suas próprias mãos depois que JJ (Dave Franco) abusa fisicamente de sua esposa, a irmã de Lou, Beth (Jena Malone).

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Juntas, as mulheres explodem com uma paixão que não é mostrada apenas em suas cenas de amor, mas com a conexão de seus espíritos. Lou e Jackie imediatamente se apoiam, não importa o que aconteça. No entanto, seus problemas de confiança às vezes as fazem recuar, resultando em tragédia anunciada.

Depois das cenas frias britânicas de seu longa de estreia, “Saint Maud”, a diretora Rose Glass ambienta “Love Lies Bleeding” no empoeirado sudoeste americano, e há um zumbido sangrento de perigo em cada quadro.

Jackie é uma mulher que está escondendo seu trauma através da força e de um físico poderoso. Quando alguém é abusado física ou psicologicamente, às vezes pode agir com violência quando se sente ameaçado. A única pessoa que Jackie deixa entrar é Lou, e a única pessoa que Lou deixa entrar é Jackie. Ambas são duras e estão dispostas a fazer o que for necessário para sobreviver, não importa se é ilegal ou não.

Em uma mistura de “Thelma e Louise”, “Ligadas pelo Desejo” com “Assassinos por Natureza”, enquanto Lou tenta ajudar Jackie a encobrir um crime, a trama fica cada vez mais distorcida quando Daisy (Anna Baryshnikov) afirma ter testemunhado o ato e então chantageia Lou.

Por baixo de toda a garra, escuridão e violência, “Love Lies Bleeding” realmente tem um coração batendo. Kristen Stewart e Katy O’Brian dão performances cruas e emocionalmente ressonantes. Ambas têm uma química explosiva juntas.

Em termos de sexo e violência, há muito, embora não muita nudez. As cenas violentas são muito gráficas, no entanto, empurram para um gore inabalável. “Love Lies Bleeding” também tem algumas sequências surpreendentemente surreais, de realismo mágico, que são sombriamente cômicas. Além disso, a trilha sonora, de Clint Mansell, é soberba e a fotografia, de Ben Fordesmann, cintilante, em um mundo ilícito de armas, violência e anabolizantes.

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com

Instagram: @cinematografiaqueer

Twitter: @eduardoirib