Negro e gay, realizador da histórica Marcha de Washington ganha cinebiografia emocionante

Por Eduardo de Assumpção*

“Rustin” (EUA, 2023) O longa, do diretor George C. Wolfe, faz uma abordagem muito completa, sobre seu assunto, um homem apagado pela história por sua sexualidade, mesmo que sua principal realização, a Marcha de Washington, seja algo fundamental para o movimento pelos direitos civis. O filme compartilha algo em comum com outras cinebiografias, e essa é uma performance incrível.

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Colman Domingo interpreta Bayard Rustin, um homem cujos esforços foram em grande parte apagados da história. O icônico discurso “I Have A Dream”, de Martin Luther King Jr. (Aml Ameen), um amigo pessoal próximo de Rustin, sem a liderança, coordenação e habilidade política do protagonista talvez nunca tivesse saído do papel.

Em 1960, Rustin é um membro importante no movimento pelos direitos civis, trabalhando em estreita colaboração com a NAACP (liderada por Roy Wilkins, interpretado por Chris Rock). O plano de Rustin para uma demonstração em larga escala de desobediência civil é arquivado por uma ameaça de revelar sua homossexualidade ao mundo. Rustin aposta que tudo vai dar certo; no entanto, isso não acontece e ele está basicamente afastado do movimento.

O roteiro, de Julian Breece e Dustin Lance Black, é feito para informar quem foi Bayard Rustin. Um homem negro gay, lutando por direitos civis, cujos ele só seria capaz de ver os benefícios em um aspecto, mas não em outro.Além disso, ‘Rustin’ explora as nuances de sua vida pessoal, incluindo sua identidade como um homem gay durante um período em que a homossexualidade era altamente estigmatizada.

O filme conta com sensibilidade, sutileza e nuances essa parte da história de Rustin, destacando seus romances e as dificuldades que ele encontrou na comunidade LGBTQ+, bem como durante o movimento pelos direitos civis. ‘Rustin’ é uma poderosa homenagem ao legado do ativista dos direitos civis e uma prova de sua dedicação inabalável à justiça e à igualdade.

O filme é atraente por causa da excelente atuação, atenção cuidadosa à precisão histórica e exploração sutil das lutas pessoais e políticas, não só de Rustin, mas como de todo o movimento pela liberdade.

Disponível na @netflixbrasil

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com

Instagram: @cinematografiaqueer

Twitter: @eduardoirib