“Jeniffer” é uma jornada de luta, amor e transformação, a trajetória da dirigente trans do MST

O curta-metragem “Jeniffer” é uma emocionante obra que retrata a trajetória de Jeniffer Rocha, a primeira dirigente transexual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no estado do Rio Grande do Norte. Em apenas 18 minutos, o filme nos leva a uma viagem poética e performática através dos passos de uma mulher trans em busca de uma vida digna e próspera dentro de um acampamento do MST em Ceará Mirim.

Leia também:

Precisamos pautar com urgência o preconceito ainda sofrido por LGBTs na zona rural brasileira

MST realiza programação para debater a saúde da população LGBT+ no campo

MST lança campanha permanente pelo fim da LGBTfobia no campo

Produzido por artistas LGBTQIA+ com o apoio do coletivo estadual de cultura do MST, o documentário já recebeu reconhecimento em sete festivais, incluindo uma menção honrosa no Festival Internacional de Cinema LGBTQUIA+ do Rio de Janeiro e o título de melhor curta por voto popular no CineQueer UFPE – Dacine.

O filme destaca não somente a militância política de Jeniffer, mas também sua conexão com a terra. Desde que ingressou no movimento em 2019, ela se tornou uma agricultora comprometida, e o filme nos leva a acompanhar desde sua jornada nos campos vastos e férteis até suas performances poéticas. A narrativa se desenvolve mostrando como a terra é capaz de transformar não apenas o ambiente, mas também a própria existência de uma pessoa.

Mas para entender o significado dessa jornada, é preciso voltar ao momento em que Jeniffer chegou ao movimento. Antes disso, ela vivia conflitos familiares devido à sua identidade LGBTQIA+, até que uma vizinha a indicou a morar na Comuna Fidel Castro, um acampamento do MST em Ceará Mirim. Mesmo com preconceitos iniciais em relação ao movimento sem-terra, Jeniffer decidiu se mudar para a Comuna em busca de uma vida melhor.

O filme “Jeniffer” é a expressão de sua jornada, sua luta e sua conquista

Foi dentro do MST que Jeniffer se descobriu como mulher trans. Através das formações e encontros com grupos LGBT Sem Terra, ela finalmente se reconheceu e abraçou sua verdadeira identidade. Em uma entrevista ao portal nacional do MST, ela revelou que talvez não seria a pessoa que é hoje se não fosse pelo movimento. É um testemunho poderoso da importância da luta pelos direitos humanos e da representação de minorias dentro das organizações sociais.

Hoje, Jeniffer é parte da direção do Coletivo LGBT Sem Terra do MST no estado e pode ver sua própria história projetada na tela grande. O filme “Jeniffer” é a expressão de sua jornada, sua luta e sua conquista. A repercussão da produção surpreendeu a equipe, pois foi feita de forma independente e sem muitos recursos. Ainda assim, a mensagem que ele transmite ecoa além das fronteiras e toca corações de espectadores ao redor do mundo.

Através de uma equipe talentosa, liderada pelo diretor Matheus Mendes e com roteiro de Vicente Vince, o filme ganhou vida. Com direção artística de Mattheus Corpo e assistência de direção por Mattheus Corpo e Vicente Vince, cada aspecto do curta-metragem foi cuidadosamente concebido. As imagens captadas por Luiza Medeiros, Matheus Mendes, Mattheus Corpo e Vicente Vince e a trilha sonora composta por Aiyra e Kaju Ataíde, com a música “Pariu a Si Mesma – por Aiyra”, se combinam para criar uma experiência emocionante e inesquecível.

Hoje, Jeniffer é parte da direção do Coletivo LGBT Sem Terra do MST no estado

O filme “Jeniffer” é uma homenagem a todas as pessoas que, como Jeniffer Rocha, lutam por sua identidade e buscam dignidade em suas vidas. É um lembrete poderoso de como a luta pelos direitos LGBTQIA+ e a inclusão de minorias são essenciais para construir uma sociedade mais justa e igualitária. Através da semente plantada por Jeniffer, esperamos que muitas outras meninas e meninos trans encontrem inspiração e coragem para trilhar seus próprios caminhos de transformação.

E assim, “Jeniffer” permanece como um farol de esperança, brilhando intensamente em meio aos desafios e preconceitos, mostrando que o amor, a luta e a transformação são possíveis quando se cultiva a semente da igualdade em nossos corações e em nossas terras.