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A linguagem neutra não binária e sua importância na época atual

Por João Henrique Viana*

A comunidade LGBTQIA+ propõe uma grande revolução na sociedade: que todas as suas partes sejam devidamente respeitadas em sua expressão de individualidade e incluídas no corpo social, sem qualquer distinção de gênero.

Para alcançar este objetivo, membros trans não-binários da comunidade pensaram e criaram uma linguagem inclusiva, conhecida como Linguagem Não-Binária ou Neutra ou, simplesmente, LN-B, proposta como uma solução do recorte linguístico para a questão de gênero no Brasil, em que os pronomes masculinos e femininos sejam substituídos pelos neutros. Esta realidade já existe de forma avançada e em constante construção em países como Portugal, França e Espanha, que inseriram a LN-B em suas gramáticas, fruto de uma política pública de inclusão e diversidade.

Este sistema foi denominado de “linguagem oral não-binária ou neutra” ao invés de somente “linguagem oral neutra”, porque o conceito de não-binário inclui todos os gêneros não-binários, então é uma noção muuuito abrangente, enquanto que a definição de neutro pode levar pessoas à confusão sobre o que é neutro neste contexto e o que ele envolve. Por exemplo, pessoas podem achar que a linguagem neutra só pode ser usada por quem é do gênero neutro, quando, na verdade, essa linguagem pode ser usada por qualquer pessoa independentemente de seu gênero.

Membros trans não-binários da comunidade pensaram e criaram uma linguagem inclusiva, conhecida como Linguagem Não-Binária ou Neutra ou, simplesmente, LN-B.

REFORÇO DE ESTEREÓTIPOS

No geral, nossa língua portuguesa não oferece alternativas neutras, por exemplo, para quando usamos pronomes pessoais na terceira pessoa (eles ou elas). Nestes casos, quando nos referimos a um grupo de pessoas que incluem homens e mulheres, o gênero masculino é dominante em relação ao feminino. E a forma masculina (eles) prevalece, mesmo que no hipotético grupo exista apenas um homem e cem mulheres.

Essa é uma forma restrita e sexista de entender a realidade. Talvez, muites não percebam imediatamente, mas o objetivo desse artigo é gerar essa reflexão. Por exemplo, as pessoas afirmam que “fulano está forte como um touro”, mas na mesma medida, chamar uma mulher de vaca, denota ser uma pessoa promíscua, vulgar.

Percebe a diferença? É exatamente esse movimento que precisamos começar a perceber, entender e assim, aplicar no cotidiano.

É PRECISO ADOTAR EM TUDO?

Para se acostumar com a LN-B, é preciso treino constante para se gerar aprendizado, pois desde que nascemos, somos treinades socialmente a falar no binário, uma vez que a língua portuguesa já é construída assim, conforme dito anteriormente. Então, pode ser naturalmente muito difícil falar de forma neutra.

Outro ponto de fundamental importância, é esclarecer que não é preciso que tudo seja colocado de forma neutra. É claro que uma linguagem neutra de gênero deve ser sempre almejada, mas muitas vezes estamos nos referindo a objetos, lugares, animais entre outros.

Sendo assim, o que sempre deve ser o objetivo é adotar uma linguagem neutra de gênero para as pessoas. Isso não significa que você pode priorizar o uso sem gênero para todo o texto, quer dizer apenas que seu foco deve estar em gerar inclusão para qualquer um que o leia. A seguir, mostraremos dicas práticas de como fazer isso, extraídas do Guia de Linguagem Neutra de Gênero, do Wiki Identidades, que você pode acessar, clicando aqui

É exatamente esse movimento que precisamos começar a perceber, entender e assim, aplicar no cotidiano.

  1. O uso de artigos e pronomes

Para substantivos usados da mesma forma no masculino e no feminino, o ideal é evitar o uso de artigos ou pronomes que determinem gênero. Veja alguns exemplos:

  1. Nossos clientes: trocar por “Clientes da empresa”;
  2. Os líderes da empresa: mudar para “Líderes da empresa (ou as lideranças da empresa);
  3. ”Os participantes do evento: a expressão pode ser substituída por “Participantes do evento (ou as pessoas participantes / que participaram do evento)”

  1. Pessoas

No caso de substantivos que variam de acordo com o gênero, o guia da ThoughtWorks recomenda o uso de “pessoas”.

  1. Desenvolvedores: podemos usar “Pessoas desenvolvedoras / que desenvolvem”
  2. Funcionários: também podemos chamar de “Pessoas que trabalham na empresa”
  3. Executivos: são “Pessoas executivas / em posições executivas”

 

  1. Grupos sem predominância de gênero

Ao se referir a grupos de pessoas, recomenda-se a busca por formas alternativas de representar o grupo.

  1. Os diretores: que tal “A diretoria”?
  2. Os coordenadores: pode ser “A coordenação”
  3. Os deputados: facilmente substituível por “O Congresso/ A Câmara”
  4. Quem está lendo?

Na hora de se dirigir a quem está lendo o seu conteúdo, procure pensar em alternativas que não definam gênero.

  1. Você está pronto?: pode ser “Você é uma pessoa pronta/ preparada?”
  2. Ficou interessado: dá para usar “Tem interesse?/ Interessou-se?”
  3. Mantenha-se atualizado: substituir por “Continue se atualizando”

USAR “X” OU “@”? NEM PENSAR!

Após as dicas, Paula Ribas falou sobre a nova moda de usar “x” ou “@” na grafia das palavras para não dar preferência a um gênero ou outro. E ela destaca que essas palavras se tornam impronunciáveis quando escritas dessa forma errada, o que limita seu uso à linguagem escrita e as torna não-acessíveis para pessoas com deficiência visual.

“Além disso, o fato de não terem impacto na linguagem oral não promove uma real transformação na forma de nos comunicarmos”, diz a autora do artigo.

Para substantivos usados da mesma forma no masculino e no feminino, o ideal é evitar o uso de artigos ou pronomes que determinem gênero.

TEXTO ESTRANHO?

“Por sermos pessoas tão acostumadas a usar os padrões da linguagem binária predominantemente masculina, é comum que as alternativas apresentadas para o uso da linguagem neutra soem “estranhas”. Mas não é estranho também o fato de usarmos formas masculinas para nos referirmos a pessoas que não se identificam com o gênero masculino?

Na próxima aula a gente fala dos tipos de Linguagem Neutra. Até lá!

João Henrique Viana* é professor universitário na área de Marketing e pesquisa comportamentos do consumidor e memes há 15 anos. Desde 2015, decidiu usar suas plataformas online para educar por meio de conteúdos didáticos e fontes confiáveis.

Redação

Redação Ezatamentchy

1 Comment
  1. raisse

    11/12/2020 16:23

    vdd mane disse tude!!! lacrou demais linde

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