Protagonista renasce e une suas vivências no belo longa italiano “Arianna”
Por Eduardo de Assumpção*
“Arianna”(Itália, 2015) Arianna (Ondina Quadri) tem 19anos, mas ainda não teve a primeira menstruação. No início do verão, seus pais decidiram recuperar a posse da casa de fazenda no Lago Bolsena, onde a personagem cresceu até os três anos de idade sem, desde então, ter retornado. Durante sua estadia na casa, memórias antigas começam a ressurgir, tanto que Arianna decide ficar mesmo quando seus pais retornam à cidade.
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O retorno ao lar da infância os traz de volta à superfície como fragmentos de memória guardados dentro de si. O tema do filme, pessoas intersexo, é tratado com cuidado, em muitos momentos rementendo à ‘XXY(2007)’, de Lucía Puenzo.
Com seus olhos azuis, Arianna consegue encontrar respostas sobre seu passado, o que a tornará consciente de seu futuro e, finalmente, unir aquelas três existências que viveu durante seus vinte anos, antes sem sentido.
O primeiro trabalho de Carlo Lavagna parte de uma necessidade pessoal declarada de explorar o tema, de entender por que, às vezes, é difícil, se não impossível, sentir-se inteiramente homem ou inteiramente mulher.
Para isso, o autor escolhe um caso extremo relativamente raro. O que aconteceu com Arianna não é uma revelação chocante para o espectador, que entende desde o início, mas é para a protagonista, que após a descoberta, renasce e finalmente sabe com o que tem que lidar.
O filme ganha força visual pelas variadas e belas paisagens ao redor do Lago Bolsena, com bosques, pedreiras, água e elementos naturais e atmosféricos que remetem à origem mitológica do personagem Hermafrodite, em que o filme se baseia, e os atores coadjuvantes são muito bem escalados.
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib