“20.000 Espécies de Abelhas” é sensível e sincero sobre a identidade de gênero de uma criança
Por Eduardo de Assumpção*
“20.000 Espécies de Abelhas” (20.000 Especies de Abejas, Espanha 2023) ‘20.000 espécies de abelhas’ é um título tão belo e sugestivo. O sol bate no vilarejo catalão quando uma família sai do carro. Após a separação, Ane (Patricia López Arnaiz) voltou para sua cidade natal, nos Países Bascos, com seus três filhos para o batizado de um sobrinho.
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Lá ela encontra sua mãe, Lita (Itziar Lazkano), uma fiel católica de quem Ane está afastada. E tem a tia-avó Leire (Sara Cózar), que é apicultora. Ane espera que a disforia de gênero de sua filha Coco (Sofía Otero) encontre algum descanso no idílio rural. Mas Coco não pode e não quer ignorar as diferenças. Enquanto Ane quer libertar sua filha, esta criança abre uma gaveta e tira um vestido.
Porque Coco, que ontem se chamava Aitor, não quer mais ser chamada assim; seu nome verdadeiro é Lucía. ‘20.000 espécies de abelhas’ conta a história de um verão catalão e a busca de uma criança por identidade. Ele também fala de mulheres de três gerações que precisam se unir pelo bem da criança. Como as abelhas homônimas que a tia de Lucía mantém como apicultora, cada mulher assume um papel específico na estrutura familiar.
Mas, como acontece com as abelhas, as picadas têm um efeito curativo. Ane também usa seu mantra para esconder suas próprias inseguranças. E a diretora Urresola Solaguren usa a busca de identidade de Lucía para confrontar Ane com sua própria história familiar.
O mais incrível é a atuação da jovem Sofía Otero, de 8 anos, premiada com o Urso de Prata, na Berlinale, em 2023, que torna as emoções complexas de Lucía incrivelmente palpáveis e permite que Estibaliz Urresola Solaguren conte sua história com confiança através dos olhos da jovem protagonista, como Céline Sciamma, em ‘Tomboy(2011)’.
O longa é sensível e sincero sobre a identidade de gênero de uma criança, mas também sobre o contexto em que surge, com uma mãe em crise sentimental e profissional, uma tia simpática que a introduz ao amor pela natureza, através da apicultura, uma amiga de sua idader, uma família, enfim, que desistirá quando ficar claro que Cocó, que não quer ser Aitor, finalmente quer ser Lúcia, apenas Lúcia.
NOS CINEMAS via @imovision
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib