É preciso ser como Marsha P. Johnson e arremessar o primeiro tijolo. Depois a parede vem abaixo.
É preciso sim comemorar o Dia do Orgulho LGBT+, celebrar os avanços e continuar alerta para os desafios
O Dia do Orgulho LGBT+, 28 de junho, não tem espaço para dúvida: temos sim o quê celebrar. Primeiro que estamos vivos no país que mais nos mata no mundo todo. Segundo que, mesmo com uma nuvem pesada de intolerância, conseguimos estender nosso arco-íris, coroamos nosso movimento como o que realiza o maior evento cívico a céu aberto em todo o planeta.
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É neste morde e assopra que brasileiras e brasileiros comemoram este dia que, com certeza, será o último Dia do Orgulho no cenário atual. A eleição presidencial de outubro confirmará a mudança que fervilha nos Poderes, que cozinha nas panelas partidárias, que frita as cabeças nas esferas federal e estadual. Seremos no ano que vem governados pela liberdade ou continuaremos à beira do abismo?
A resposta precisa ser otimista, e tem como ser. Mesmo como um caos instalado na caravana picareta que ocupa planaltos federais, podemos contar com o Legislativo e seus a cada eleição maiores números de LGBT+ eleitos. Destaque para as travestis e transexuais, que prometem tomar de vez a representatividade nas mãos e planejam a formação de uma bancada de deputravas.
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Comemorar a candidatura de Sara Azevedo (Psol) ao Senado Federal por Minas Gerais, prometendo reverter anos de um monopólio político masculino, de direita e com neves capazes de congelar qualquer avanço em favor da nossa população. E ainda aliadas e aliados que, todos os dias, precisam enfrentar nas casas legislativas a oposição à ciência, à tolerância e ao avanço da sociedade.
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O Judiciário federal continua sendo um bálsamo, uma grande mãe capaz de fazer valer o principal documento do País, a Constituição Federal. O Supremo Tribunal Federal (STF) segue com decisões como cobrar o Sistema Único de Saúde (SUS) a se adaptar para atender a população T.
Principalmente, mesmo com a recente entrada de ministros de forte traço religioso indicados pelo (des)presidente, mantém uma postura de olhar para frente – o que o coloca como a grande última saída com a qual podemos contar na batalha diária de processos, decisões e tantos instrumentos não tão bem compreendidos por todos. Que se mantenha farol.
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Porque a escuridão paira em forma de liderança mundial de assassinatos de pessoas LGBT+, de armadilhas postas em formas de projetos de lei, de liberdades espúrias de expressão. Fomentados por um escabroso movimento conservador que perpassa além da política partidária e tem eco no vazio craniano de artistas, apresentadores de televisão e personalidades grandiosas apenas em seus ínfimos universos.
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Em 2021, houve no Brasil, pelo menos 316 mortes violentas de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersexo (LGBTI+). Esse número representa um aumento de 33,3% em relação ao ano anterior, quando foram 237 mortes.
É hora de mudar esse quadro. Com orgulho. Sem interrogações, como a revolta que marcou este mesmo dia, há 53 anos, no bar Stonewall Inn. É preciso ser como Marsha P. Johnson e arremessar o primeiro tijolo. Depois a parede vem abaixo.