Casal de Brasília realiza sonho da paternidade após sair do armário e inspirar todes as LGBT

O casal Robert, 31 anos, e Gustavo, 29 anos, chega por aqui com uma história daquelas bem cheias de esperança, bem Natal. Eles moram em Brasília e vão em breve realizar, em dobro, o sonho da paternidade com a chegada de Marc e Maya. Uma história que começou há 10 anos, ainda na faculdade.

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Os dois se conheceram quando cursavam Engenharia Civil. Hoje dois engenheiros, na época ainda não eram assumidos, mas o encontro foi tão forte que a amizade cada vez mais íntima se tornou amor. E o amor se tornou compromisso, e o compromisso se tornou frutos.

“Nós sempre quisemos ser pais. Era um sonho de infância mesmo. Mas sempre acreditávamos que íamos conseguir ‘curar’ nossa sexualidade e que iríamos realizar esse sonho com uma mulher”, contam no lindo relato a seguir:

“Quando começamos a namorar, um dos primeiros assuntos foi o sonho de ambos de sermos pais. Naquele momento tínhamos 21 e 19 anos respectivamente e ficávamos imaginando como seria uma mistura de nós dois. Foi aí que surgia a ideia de pedirmos a doação do óvulo da irmã do Gustavo (que é idêntica a ele) e o sêmen do Robert. Mas doação de óvulo no Brasil era obrigatoriamente anônima.

Assim que começamos a namorar não tínhamos nenhuma referência de casal gay. Não sabíamos nem que era possível ter um futuro feliz como homem gay.

Então tentamos de muitas formas, mas acabamos desistindo e resolvemos comprar os óvulos de um banco internacional. Mas na véspera da assinatura do contrato, a legislação mudou no Brasil e permitiu que minha irmã nos doasse os óvulos. Neste meio tempo buscamos por uma barriga solidária. Mas ninguém podia naquele momento. Até que minha prima aceitou ser nossa barriga solidária.

Já tínhamos o óvulo e o útero para realizar o procedimento de fertilização in vitro da maneira que sempre sonhamos. Tanto minha irmã, quanto minha prima, entram apenas como doadoras. Elas não têm nenhum poder materno e não podem ser consideradas mães. Então as crianças terão apenas o nome dos dois pais na certidão.

“Nós sempre quisemos ser pais”

Nós sempre quisemos ser pais. Era um sonho de infância mesmo. Mas sempre acreditávamos que íamos conseguir “curar” nossa sexualidade e que iríamos realizar esse sonho com uma mulher. Quando nos tornamos melhores amigos, sempre falávamos que nossos filhos iriam brincar juntos. Até então, nunca tínhamos ficado com nenhum homem. Até que ficamos pela primeira vez e logo esse assunto veio à tona.

Assim que começamos a namorar não tínhamos nenhuma referência de casal gay. Não sabíamos nem que era possível ter um futuro feliz como homem gay. Então queremos dividir essa história, porque infelizmente a comunidade LGBTQIA+ cresce sem saber que pode ser feliz e realizar seus sonhos no futuro. Queremos mostrar que não importa qual o seu sonho, existe felicidade e plenitude fora do armário. E se quiser ter filhos, existem muitas formas de se realizar, a nossa é apenas uma dessas formas.

“Quando nos tornamos melhores amigos, sempre falávamos que nossos filhos iriam brincar juntos”

Se assumir como pais gays é quase como uma segunda saída do armário. Nem todo mundo reage bem a essa informação. Muitos colocaram vários empecilhos para realizarmos esse sonho. Mas nos impomos mais uma vez e realizamos esse sonho. Assumir nossa paternidade foi só mais uma das batalhas que enfrentamos.

O que mais nos preocupa é o fato de serem gêmeos. Temos que ter muita energia para cuidar do Marc e da Maya. As demais coisas já fomos tranquilizados por outros casais LGBTs que nos informaram que não é nenhum bicho-de-sete-cabeças.

Sem dúvidas nosso maior sonho era a paternidade. Nosso grande sonho agora é poder ficar o máximo de tempo com nossos filhos. Poder viver esse momento 24 horas por dia. Então temos repensado toda nossa vida para poder nos dedicar a eles.”

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