“Other People” aborda a proximidade da morte sem ser emocionalmente manipulador
Por Eduardo de Assumpção*
“Other People” (EUA, 2016) segue David, interpretado por Jesse Plemons, um jovem escritor de comédias, gay em dificuldades, enquanto volta para casa em Sacramento para fazer algo que outras pessoas costumam fazer, cuidar de sua mãe, Joanne (Molly Shannon), que está morrendo de um câncer.
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Ao longo de um ano, ele tem que lidar com a deterioração da saúde de sua mãe, mais contratempos na carreira e um relacionamento tenso com sua família, especialmente com seu pai (Bradley Whitford), que nunca o aceitou como gay.
Em sua estreia no cinema, o roteirista do Saturday Night Live, Chris Kelly conta uma história reflexiva sobre vida e morte, doença, sexualidade e relacionamentos familiares de uma forma muito realista, sem ser excessivamente dramática. Mas a história flui bem e faz um trabalho maravilhoso em mostrar como uma doença afeta as pessoas, tanto as vítimas como suas famílias.
David está apenas decepcionado consigo mesmo porque, tem 30 anos, e não conquistou absolutamente nada, ele não tem uma carreira, ele não tem uma outra pessoa importante, acaba de romper com o namorado Paul(Zach Woods) e está de volta para casa. Jesse Plemons, brilha e dá uma atuação sincera e autêntica e faz um trabalho surpreendente ao retratar a frustração, solidão e inseguranças de David.
O outro personagem importante de Other People é a mãe de David, Joanne. Ela é uma mulher viva e espirituosa que está tentando manter sua dignidade e otimismo durante sua batalha contra o câncer. O personagem não é tão desenvolvido quanto David, mas Molly Shannon dá uma atuação sutil e poderosa ao mostrar tanta vulnerabilidade e ousadia – ela se sai bem nos momentos cômicos, mas é nos dramáticos que ela realmente rouba a cena.
Ainda há uma criança gay, que faz um show completamente inadequado de drag queen, lembrando os momentos mais constrangedores de Pequena Miss Sunshine(2006). Other People ainda é um filme eficaz que aborda muitos tópicos, especialmente a proximidade da morte, sem ser emocionalmente manipulador, e que alterna muito bem momentos de humor irônico com uma melancólica tristeza.
Disponível na NETFLIX.
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram:@cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib