“Ripley” tem multicamadas dos personagens encabeçada por uma interpretação tour de force de Andrew Scott
Por Eduardo de Assumpção*
“Ripley” (EUA, 2024) A adaptação episódica, do icônico romance de Patricia Highsmith, de 1955, não é só uma obra de arte pelas referências de Picasso à Caravaggio, ou pela arquitetura italiana e ainda sua maravilhosa fotografia em PB. A atração escrita e dirigida pelo showrunner Steve Zaillian(indicado ao Oscar pelo roteiro de ‘O Irlandês’), apresenta multicamadas dos personagens encabeçada por uma interpretação tour de force de Andrew Scott.
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O ator, que vem do hype de ‘Todos Nós Desconhecidos(2023)’, tem aqui a oportunidade de mostrar seu imenso potencial como ator. Seu Ripley é cheio de nuances, com atenção em cada detalhe, o que apesar de toda ambiguidade o dota de humanidade. Thomas Ripley é um zero à esquerda, um vigarista na Nova York, dos anos 1960.
Mas, ele é contratado por um milionário para ir à Itália e convencer seu filho errante a voltar para casa. Depois de aceitar o trabalho, Tom entra em um mundo complexo de engano, fraude e assassinato. Quando ele chega à pitoresca cidade costeira de Atrani, Tom fica instantaneamente apaixonado pela área e pelo estilo de vida luxuoso de Dickie(Johnny Flynn).
Ele ganha a confiança do milionário e é convidado para ficar em sua opulenta vila. À medida que se aproxima de seu novo amigo, Ripley se vê com ciúmes da namorada de Dickie, Marge Sherwood(Dakota Fanning), e se torna hostil com amigos como, Freddie Miles(Eliot Sumner).
Com a elegante cinematografia em PB, Zaillian e o diretor de fotografia Robert Elswit prestam homenagem ao cinema noir, sem deixar se reverenciar clássicos italianos. Os episódios iniciais se aquecem com a luz do dia e a beleza cênica, reservando elementos mais sombrios para a segunda metade. A homossexualidade aqui é ainda mais latente, do que no filme de 1999.
Vemos a ambiguidade sexual do protagonista o tempo todo, além disso, a atração tem tempo suficiente para aprofundar mais a questão, um tabu na época, e a estender para outros personagens e situações.
Disponível na @netflixbrasil
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
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Twitter: @eduardoirib